Temporada da Osesp evidencia variedade de repertório em 2014
Regida pela titular Marin Alsop a Osesp encerrou a temporada 2014 com concertos nos dias 18, 19, 20 e 21 de dezembro. "Carmina Burana", de Carl Orff (1895-1982), foi a obra principal dos concertos finais. No dia 21 a apresentação foi ao ar livre na praia do Gonzaga, em Santos.
Nos demais dias, na Sala São Paulo, a cantata escrita a partir de textos medievais sobre a efemeridade dos prazeres e dores foi precedida pela leve e sinuosa "Mein Weg" (meu caminho) e pelo cristalino "Salve Regina", obras de Arvo Pärt (de 79 anos).
Se os textos medievais de "Carmina Burana" podem soar contemporâneos em seu culto do amor, da bebida e dos altos e baixos da sorte mundana, Pärt –músico do século 21– traz a serenidade religiosa arcaica da "mãe de misericórdia".
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Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo encerrou 2014 com 'Carmina Burana', de Carl Orff |
A obra de Orff é um sucesso de público, mas encontra resistências entre os próprios músicos. Alsop, porém, destacou seu caráter lúdico.
Todos os elementos que fazem de Orff um dos mais importantes nomes da educação musical no século 20 estão em "Carmina", entre os quais o caráter improvisatório, o interesse por etnias e a criatividade da instrumentação.
Ela só faz sentido se escutada como um jogo colado ao texto, como a vida que, "por brincadeira, ora escurece ora clareia a mente".
COMPLEXIDADE
A temporada 2014 da Osesp teve como tema os 60 anos da orquestra, mas também celebrou os 20 anos do seu coro principal. Nenhuma outra no Brasil pode ser comparada em quantidade de concertos, variedade do repertório e complexidade de propostas estéticas.
E o time de regentes e solistas de diferentes gerações tem permitido dar uma boa amostragem do que ocorre em outros centros importantes.
Permanecem na memória o "Concerto para Violino" de Alban Berg e a "Quarta Sinfonia" de Bruckner sob a regência de Stanislaw Skrowaczewski, o programa dedicado a Villa-Lobos por Isaac Karabtchevsky e o recital do pianista russo Nikolai Lugansky.
Com Marin Alsop não dá para esquecer a "Terceira" de Mahler, o "Candide" de Bernstein, a "Segunda" de Schumann e os concertos com obras de James McMillan e John Adams, além da própria "Carmina Burana".
Foi uma longa travessia desde a "Missa Brevis" (de Leonard Bernstein) cantada em 13 de março na abertura da temporada.
Fica, antes de tudo, esse lugar reservado para a música, a cada semana, na cidade e na vida. "Lugares da Música" é, aliás, o tema da temporada 2015.
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