Musical em cartaz no Rio conta ascensão e queda de Wilson Simonal
"Em histórias de ascensão e queda, é muito comum o personagem ter aquela reviravolta no final. Mas, para o Simonal, não tem isso. O Simonal não volta."
Assim resume Nelson Motta, autor com Patrícia Andrade de "S'imbora, o Musical "" A História de Wilson Simonal", em cartaz no Rio desde a última quinta-feira (15) e que terá temporada paulista prevista para junho.
A peça conta a ascensão de Simonal (1938-2000), músico talentoso, carismático e cara de pau, e sua queda vertiginosa após a acusação de que seria informante do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que reprimia movimentos contrários à ditadura.
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Ícaro Silva no papel de Wilson Simonal durante ensaio do musical |
Nesta polêmica, o espetáculo tende a inocentá-lo, como fez a biografia "Nem Vem que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal" (2009), de autoria do jornalista Ricardo Alexandre. Mas a peça não deixa de apontar alguns de seus defeitos.
"Com o sucesso, ele passou a ter uma arrogância ingênua. A gente fala da síndrome do pequeno poder, mas há também a do grande poder. Pessoas muito poderosas podem achar que são intocáveis", diz Ícaro Silva, ator que vive Simonal, depois de ter interpretado Jair Rodrigues em "Elis, a Musical".
A história é narrada por Carlos Imperial (Thelmo Fernandes), produtor que lançou o cantor e foi, em parte, responsável pelo seu sucesso ao compor hits como "Mamãe Passou Açúcar em Mim" e "Nem Vem que Não Tem".
"No início ele é um mentor. Depois, sem deixar de ser amigo, passa a ser também crítico e explica para o público as decisões erradas que ele tomou", diz Nelson Motta.
PERFORMANCES
O musical tem números com as figurinhas fáceis, como "Mamãe Passou Açúcar em Mim", "País Tropical" e "Meu Limão, meu Limoeiro".
Também resgata performances menos óbvias, como a que ele fez de "Shadow of Your Smile" com a cantora americana Sarah Vaughan (1924-1990), transmitida pela extinta TV Tupi em 1970.
Numa era de musicais de dimensões operísticas, "S'Imbora" chama a atenção pela cenografia minimalista de Hélio Eichbauer, responsável pelo cenário de montagens como "O Rei da Vela", de José Celso Martinez Corrêa, além de shows de Gal Costa e Caetano Veloso.
A cenografia funciona toda à base de projeções e poucos objetos. Em alguns momentos, imagens são projetadas sobre tela transparente que encobre todo o palco. A estratégia permite a simulação de cenários externos, como a praia de Copacabana.
RETOMADA
A criação do musical foi acompanhada pelos filhos de Simonal –Max de Castro, fez também os arranjos das canções. "O que a gente queria era resgatar e sublinhar a obra musical do Simonal", diz o diretor, Pedro Brício.
"O fato de uma obra tão popular e, ao mesmo tempo, tão sofisticada ter sido esquecida, diz muito sobre como preservamos as coisas de valor da nossa cultura", diz o diretor.
S'IMBORA, O MUSICAL - A HISTÓRIA DE WILSON SIMONAL
QUANDO de qui. a sáb., 20h; dom., 18h; até 12/4
ONDE Teatro Municipal Carlos Gomes, praça Tiradentes, 19, Rio, tel. (21) 2232-8701
QUANTO qui., sex. e dom., R$ 80; sábados, R$ 90
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
Livraria da Folha
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