Molotov, o Rage Against The Machine do México, toca no Lollapalooza
O Rage Against The Machine do México. Essa é a definição mais frequente para a banda de rock Molotov, assim como a americana, conhecida por letras sobre política e protesto. Aproximam-se também no som: geralmente pesado e misturado com rap.
Embora não exista uma lacuna de tempo tão grande entre as bandas –o Rage Against The Machine começou em 1991, quatro anos antes dos mexicanos– o Molotov pode soar como novidade no Brasil.
Em 20 anos de carreira, eles tocarão pela primeira vez em um show grande no país, em 29 de março, o segundo dia do festival Lollapalooza, em São Paulo. Na data, os principais destaques são Pharrell Williams, Calvin Harris e os Smashing Pumpkins.
Há mais de uma década, o Molotov só fez uma rápida passagem pelo país, para um show privado em Maresias, no litoral paulista. "Só lembro de ter conhecido uma única rua e de ter ido a uma pizzaria", conta e ri à Folha, por telefone, Ismael Fuentes, 40, o Tito, como é mais conhecido o vocalista e guitarrista.
Divulgação | ||
A banda mexicana de rock Molotov |
Desta vez com mais tempo, a banda mostrará seu disco mais recente, "Agua Maldita", de junho passado, o primeiro de inéditas em sete anos. Também não devem faltar os hits mais antigos, como o hino de protesto "Gimme Tha Power", maior sucesso do disco de estreia, "¿Dónde Jugarán las Niñas?" (1997).
Com refrão combinando espanhol e inglês ("Dame, dame, dame, dame todo el power"), a canção foi boicotada nas rádios mexicanas na época.
A música era uma provocação ao PRI (Partido Revolucionário Institucional), que governou o México por mais de sete décadas –recorde de hegemonia na América Latina. A sigla de direita, está de volta à presidência com Enrique Peña Nieto desde 2012.
"É impressionante ver como a música continua atual", diz Tito. "Ainda há muita burocracia e corrupção", completa.
"No México, todos os estratos sociais estão envolvidos com a corrupção em algum nível, por isso nunca ocorre um protesto geral", avalia.
Para além do lado social, Tito ressalta o lado cômico do grupo, afeito a letras jocosas. Essa, diz ele, é a principal diferença em relação ao Rage Against The Machine.
Uma gracinha, aliás, marca a história da banda. Em 2007, anunciaram separação. Saiu então, pura ironia, o disco "Eternamiente", composto por quatro partes, criadas e gravadas individualmente por cada integrante –os fãs puderam votar qual era a sua preferida. Até turnê de despedida eles fizeram.
O adeus era mentira, só para testar a repercussão, que causou comoção no México. "Foi tudo muito estranho", ri.
LOLLAPALOOZA
QUANDO 28 e 29/3, a partir das 12h; Molotov toca em 29/3
ONDE autódromo de Interlagos, av. Senador Teotônio Vilela, 261, SP
QUANTO de R$ 340 (um dia) a R$ 1.460 (dois dias em área VIP)
CLASSIFICAÇÃO 15 anos; de 5 a 14 anos com pais ou responsáveis
Livraria da Folha
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