Wim Wenders mostra drama ambicioso em Berlim
Grande homenageado do Festival de Berlim, o cineasta alemão Wim Wenders, que completa 70 anos em agosto, apresentou na terça (10) seu mais novo longa de ficção, "Every Thing Will Be Fine". Talvez por ser prata da casa, o filme ganhou nada menos do que três sessões extras para a imprensa, todas lotadas.
Wenders não rodava um filme de ficção desde 2008, quando lançou, no Festival de Cannes, o lamentável "Palermo Shooting".
Divulgação | ||
Charlotte Gainsbourg e James Franco no longa de Wenders |
Depois de dois bem-sucedidos documentários ("Pina" e o recente "O Sal da Terra", que concorre ao Oscar no próximo dia 22), o cineasta volta a orquestrar um drama ambicioso, que, apesar do ponto de partida batido –um acidente fatal e as consequências terríveis que traz para as vidas das pessoas envolvidas–, apresenta um desenvolvimento surpreendente, com o toque adicional de um discreto (mas bem interessante) uso do 3D.
James Franco vive um escritor que entra em profunda depressão depois de atropelar uma criança. O filme examina com lupa não só a reação mais imediata do escritor e dos familiares da vítima (a mãe do menino, vivida por Charlotte Gainsbourg, e o irmão, que presenciou tudo), mas, principalmente, as reverberações que o acontecimento terá ao longo dos anos.
Mesmo com excessos (principalmente a trilha sonora onipresente de Alexandre Desplat), o fato é que Wenders não realizava uma ficção satisfatória há tempos. E aqui, é preciso dizer, deve muito ao roteiro assinado por Bjørn Olaf Johannessen.
MAR DE FOGO
Também na terça foi a vez da sessão oficial do curta brasileiro "Mar de Fogo", de Joel Pizzini, que participa da competição. Os curtas recebem atenção especial em Berlim, e a sessão, que lotou uma das salas do complexo CinemaxX, foi seguida de uma breve conversa com cada um dos realizadores (eram seis filmes no programa).
"Mar de Fogo" é uma homenagem a Mário Peixoto, diretor da obra-prima "Limite" (1930), que por mais de 50 anos teve seu formato original praticamente perdido (circulavam apenas cópias com sequências omitidas).
Recentemente, "Limite" foi restaurado com apoio da World Cinema Foundation, de Martin Scorsese, e do cineasta Walter Salles, que abriga, em sua produtora, o arquivo de Peixoto, cuidado com zelo pelo pesquisador Saulo Pereira de Mello.
Pizzini usa imagens de "Limite" e de outros filmes sobre Peixoto para realizar um ensaio poético de grande beleza. "Vi 'Limite' quando era estudante e fiquei siderado. Foi o filme que me levou a fazer cinema", contou.
A julgar pelos companheiros de programa, "Mar de Fogo" tem larga vantagem sobre os concorrentes –mas a competição de curtas é extensa e traz outros 26 filmes.
BERLINENSES
Lançamentos
O documentário "Jia Zhangke, um Homem de Fenyang", de Walter Salles, exibido no Panorama, será lançado no Brasil em abril. Com ele, entrarão em cartaz, em cópias novas, quatro longas do chinês: "Plataforma" (2000), "Em Busca da Vida" (2006), "24 City" (2008) e "Um Toque de Pecado" (2013).
Favoritos
O filme favorito até agora, segundo quadro da revista "ScreenDaily", é "45 Years", de Andrew Haigh, com 3,4 estrelas (de um máximo de quatro). Em seguida estão "El Botón de Nácar", de Patricio Guzmán e, empatados em terceiro, com 3,1, "Taxi", de Jafar Panahi, "Ixcanul", de Jayro Bustamante, e "El Club", de Pablo Larraín (com 3,1).
Technicolor
A maior retrospectiva da edição é "Glourious Technicolor", com obras feitas com a técnica: de "O Mágico de Oz", "Cantando na Chuva" e "E o Vento Levou..." a títulos raros, como "An American Romance", de King Vidor.
Livraria da Folha
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