Crítica: Ringo Starr e seus músicos se divertem até mais do que a plateia
A multidão que quase lotou o HSBC Brasil na noite de quinta (26) para o show do ex-Beatle Ringo Starr deixou o lugar com sorrisos extasiados. E o mesmo pode ser dito do astro e dos músicos veteranos que o acompanham na All-Starr Band.
Em sua terceira passagem pelo país para shows, Ringo repetiu o repertório das turnês anteriores (2011 e 2013). Cantou algumas dos Beatles e pouca coisa da longa discografia solo (em março ele deve lançar seu 18º álbum depois da separação da banda).
Essa parte, digamos, mais autoral ocupa a metade das duas horas de apresentação. É intercalada com blocos em que a plateia se diverte cantando sucessos antigos que ainda recheiam a programação noturna das rádios, em maioria dedicada à nostalgia.
São músicas tão presentes na memória afetiva de quarentões e cinquentões (a base do público de Ringo) que o clima de karaokê transforma tudo em festa.
Cada integrante tem direito a mostrar um pouco do sucesso de sua banda mais famosa.
Todd Rundgren, uma figuraça nos vocais e nas guitarristas, cantou músicas do Utopia, seu grupo entre 1974 e 1986, e da carreira solo. "Bang the Drum All Day" inspirou um comentário de Ringo: "Nessa música ele fala de seu desejo de tocar bateira todo dia. E é isso que eu faço!".
Steve Lukather, guitarrista do Toto, carrega um repertório matador dessa banda e põe o público para cantar com "Rosanna", "Hold the Line" e "Africa".
O tecladista Gregg Rolie, que acompanhou por anos Carlos Santana, também se deu bem com sucessos do guitarrista mexicano: "Evil Ways", "Oye Como Va" e, reunidas no mesmo número, "Black Magic Woman" e "Gypsy Queen".
O destaque da All-Stars Band é o cantor e baixista Richard Page, que frequentou o topo das paradas nos anos 1980 com músicas de seu grupo, Mr. Mister. Para os fãs da banda, ele cantou "Broken Wings" e "Kyrie", além de uma balada de seu trabalho solo, "You Are Mine". A voz de Page continua aveludada e seu trabalho de baixo é espetacular.
Mas a estrela e o grande anfitrião da festa é mesmo Ringo. Simpático, fazendo incessantemente o sinal de paz e amor com os dedos, foi muito didático. Dava detalhes de cada canção, explicando qual era original dos Beatles e qual era cover, desfilando sua idolatria por Carl Perkins (1932-1988). Ringo cantou dois clássicos de Perkins, "Honey Don't" e "Matchbox".
Claro que nada supera o frenesi que as canções dos Beatles provocam. A temperatura sobe em "I Wanna Be Your Man" e "Yellow Submarine". E o pandemônio se instaura com "With a Little Help from My Friends", para encerrar o show em clima épico.
Ringo, que mostra forma física e vozeirão invejáveis aos 74 anos, ainda volta para cantar com a banda "Give Peace a Chance", de John Lennon, a deixa para que astro e fãs troquem sinais de paz e amor.
O sorriso dos músicos no agradecimento final não poderia ser mais aberto e sincero. Esses caras estão vivendo a "aposentadoria" que pediram a Deus. E Ringo se diverte liderando essa trupe.
RINGO STARR & HIS ALL-STARR BAND
AVALIAÇÃO ótimo
Livraria da Folha
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