'Vício Inerente' é retrato lisérgico de Los Angeles na década de 1970
Quando o cineasta Paul Thomas Anderson entrou num quarto de hotel em Los Angeles, nos Estados Unidos, para falar sobre seu filme "Vício Inerente" a jornalistas internacionais, pegou no pulo dois repórteres detonando o longa. "Por acaso alguém aqui gostou?", perguntava um deles ao resto do grupo.
Começava assim a junket do filme, ocasião em que membros do elenco e da equipe de uma produção se reúnem para falar com membros da imprensa, tanto em pequenos grupos quanto em entrevistas individuais.
Divulgação | ||
Cena do filme 'Vício Inerente', de Paul Thomas Anderson |
Na mesma tarde, passaram pelo quarto de hotel Joaquin Phoenix, Owen Wilson, Jena Malone, Joanna Newsom e Katherine Waterston. Phoenix e Waterston, no caso, eram os únicos ali com papéis grandes na produção, baseada num livro do recluso escritor Thomas Pynchon.
A opinião de parte dos jornalistas presentes era de que a obra não tem nem pé nem cabeça. A trama lembra uma viagem de ácido, na qual várias histórias se entrelaçam e se confundem, alinhavadas pela presença do protagonista, o detetive Doc (Phoenix).
Retrato lisérgico de Los Angeles nos anos 1970, o longa acompanha a busca de Doc por uma ex-namorada desaparecida (Waterston). No caminho, ele descobre a existência de uma grande e confusa conspiração e cruza com diferentes figuras que passam por um dentista doidão (Martin Short) e por uma advogada certinha (Reese Witherspoon).
Boa parte dos atores presentes ali, porém, estão em poucas cenas e não tinham tanto a falar do trabalho. Jena Malone, por exemplo, mal aparece na produção.
Ela falou aos jornalistas com Owen Wilson –que, sem sapatos, só de meias, apoiava o pé na cadeira desta repórter. Em pouco tempo, as perguntas sobre o filme acabaram e os atores engataram conversa sobre os pontos turísticos de Los Angeles e o trabalho dela como fotógrafa.
Antes disso, Paul Thomas Anderson, que contou ter escrito o roteiro com o livro aberto o tempo todo ao seu lado, defendeu a história das críticas de confusão. "Tudo faz sentido, apesar de Pynchon tentar fazer com que a história não pareça coesa. Os pontos se ligam", afirmou.
"O ponto central do filme é a busca de Doc por Shasta, o que é muito romântico. Se você tira os excessos, é uma história muito universal."
Waterston seguiu a mesma linha. "Não acho que você não seja esperto o suficiente se não entendeu a história. Você vive aquilo que Doc está vivendo e é uma confusão. É um filme para sentir."
Phoenix, o último a dar entrevista, sentou-se e perguntou: "Quem já esteve aqui? Todo o mundo? Merda". E emendou, antes que lhe dirigissem a palavra, uma história sobre como Wilson se irritou tanto com o fato de ele ter dificuldades em decorar suas falas que quebrou uma tábua do cenário com um golpe de caratê.
Questionado sobre sua semelhança com o personagem, um homem de bom coração, mas completamente desorientado, ele responde: "Eu nunca penso... Essa é a pergunta que sempre fazem em entrevistas. As similaridades se revelam... Não sei se é bom que eu entenda. Vocês não se identificam com todos os personagens, de alguma forma? Eu não sei. É só...". Ele pausa. "Você dá entrevistas e tenta pensar no que raios vai dizer."
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