Crítica: Minimalismo faz de 'Club Sandwich' um filme entediante
O cineasta mexicano Fernando Eimbcke fez uma celebrada estreia com "Temporada de Patos" (2004), produção modesta sobre dois adolescentes que tentam vencer o tédio ao longo de um dia em um apartamento no México.
Dez anos depois, ele lança "Club Sandwich", produção modesta sobre mãe e filho que tentam vencer o tédio ao longo das férias em um hotel vazio do litoral do México.
Os filmes estão unidos não apenas pelas premissas, mas sobretudo pelo estilo minimalista da direção, com planos longos e poucos diálogos. Em ambos, um acontecimento interrompe o marasmo. No primeiro, uma queda de energia, que força os garotos a largar o videogame. Em "Club Sandwich", algo mais complexo: a descoberta da sexualidade.
Divulgação | ||
Cena do filme "Club Sandwich" |
Paloma tem uma relação de intimidade física e afetiva com o filho Héctor, de 15 anos, que beira a fixação incestuosa e que se acentua quando eles dividem o quarto de hotel. A rotina de férias entre mãe e filho –ao mesmo tempo monótona e erótica– é abalada pela chegada ao hotel da adolescente Jazmín, com quem Héctor logo estabelece um laço sexual, deixando Paloma desarvorada.
Eimbcke filma a ebulição hormonal dos adolescentes com a mesma placidez distante com que mostra o cenário do hotel –tornando enfadonho o assunto mais empolgante. E, assim, estabelece uma diferença entre este filme e seu primeiro: em "Club Sandwich", o espectador compartilha do tédio dos personagens –o que não ocorria em "Temporada de Patos".
"Club Sandwich" chega ao fim deixando no ar uma pergunta: em que momento o minimalismo virou maneirismo?
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade