Morte de Galeano é uma grande perda para a América Latina, diz Dilma; veja repercussão
Uma das mais reconhecidas vozes da esquerda latino-americana, o escritor uruguaio Eduardo Galeano morreu nesta segunda-feira (13), aos 74 anos, em Montevidéu.
Autor do clássico "As Veias Abertas da América Latina", que analisa a história de exploração econômica do continente, o escritor foi lembrado por políticos, artistas e colegas ao longo do dia. Leia, abaixo, a repercussão.
Dilma Rousseff, presidente, em comunicado oficial
"Hoje é um dia triste para todos nós, latino-americanos. Morreu Eduardo Galeano, um dos mais importantes escritores do nosso continente. É uma grande perda para todos que lutamos por uma América Latina mais inclusiva, justa e solidária com os nossos povos. Aos uruguaios, aos amigos e à nossa imensa família latino-americana, quero prestar minhas homenagens e lembrar que continuamos caminhando com os olhos no horizonte, na nossa utopia".
Lula, ex-presidente, em comunicado oficial
"Foi com pesar que recebi a notícia do falecimento do escritor e historiador Eduardo Galeano. Sua obra é referência para todos aqueles que lutam por uma América Latina mais desenvolvida, justa e integrada. Galeano viveu importantes e difíceis momentos da história da nossa região e escreveu sobre eles com maestria. Que sua obra e seu exemplo de luta permaneçam como inspiração para que possamos construir a cada dia um futuro melhor para a América Latina."
Naomi Klein, escritora, no Twitter
"Devastada ao saber da morte do herói e da inspiração Eduardo Galeano. O revolucionário mais amável do mundo."
Eduardo Suplicy, secretario de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, à Folha
"Foi uma das pessoas que colaboraram enormemente para a consciência dos latino-americanos e dos uruguaios, sobretudo para que o Uruguai viva hoje um período extraordinário, com os governos de José Mujica e Tabaré Vázquez. Esses dois governantes, principalmente Mujica, representam uma contribuição muito grande para a utopia que Galeano pregava para o Uruguai e para o mundo. Galeano certamente os influenciou muito e ajudou com que o Uruguai ultrapasse aquilo que ele descreve em 'As Veias Abertas da América Latina', rumo a uma sociedade mais justa, mais livre e mais digna. Era um escritor com grande capacidade e escreveu coisas muito bonitas [pede licença e lê ao telefone um trecho em espanhol de um texto sobre "Dom Quixote", de Cervantes, do livro 'Espelhos - Uma História Quase Universal'].
Não o conheci tão bem, tivemos pouco contato, mas quando meu assessor esteve recentemente no Uruguai e ele soube que ele trabalhava comigo, me mandou por ele dois livros com dedicatórias."
Luiz Carlos Barreto, cineasta e produtor, à Folha
"É uma voz que a gente não podia perder nesse momento. Não agora, que a América Latina está se afirmando, querendo estancar a sangria dessas veias que ele tão bem descreveu."
Jean Wyllys, deputado, à Folha
"Galeano é uma referência de esquerda que se vai, sobretudo para nós latino-americanos. Conheci a obra dele aos 14, quando participava das pastorais da juventude estudantil. Lamento muito. Era uma voz lúcida, um pensador de esquerda capaz de fazer autocrítica. Abraçou os direitos humanos como uma gramática política."
Flávio Dino, governador do Maranhão, no Twitter
"Eduardo Galeano viverá para sempre nas Veias Abertas da América Latina e nos Abraços do seu Livro [em alusão a 'O Livro dos Abraços']. Influência forte de muitas gerações."
Luciana Genro, ex-deputada federal e candidata à presidência em 2014, em seu site
"Acabo de receber a triste notícia de que o escritor Eduardo Galeano faleceu. Galeano era um dos grandes. Grande teórico de esquerda, grande escritor e poeta, grande militante. Seu livro AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA ensinou várias gerações sobre a tragédia e a luta do nosso continente. Junto com Roberto Robaina tive o prazer de conhece-lo pessoalmente na Venezuela, em 2004, onde fomos ambos observadores internacionais de um dos vários processos eleitorais. Ali pude ver que além de todo o talento conhecido de Galeano, ele também era um ser humano simples e cativante. Ele aplicava na vida seus princípios políticos, de solidariedade e dedicação à causa da liberdade. Depois daquele encontro trocamos vários emails, nos quais ele sempre deixava transparecer a sua convicção na necessidade de seguir a luta pela emancipação do ser humano de todas as formas de opressão. Viva Eduardo Galeano, sempre!"
Rui Falcão, presidente nacional do PT, no Twitter
Triste: perdemos o grande Eduardo Galeano, autor de 'As veias abertas da América Latina', entre outros.
Leonardo Boff, teólogo, no Twitter
"Eduardo Galeano era um grande frasista. Sempre esteve ao lado das vítimas. Há dias em Montevidéu quis visitá-lo mas já não era tarde demais."
Jorge Mautner, cantor e compositor, à Folha
"Os neurônios nossos são super emoção, e a emoção é o conhecimento. Isso irradia pelo mundo por uma necessidade absoluta. E o Galeano falava desse amálgama.
Estive com ele num tour, há três anos, no Uruguai. Galeano lembrou quando o Brasil perdeu o famoso jogo de 1950 para o Uruguai. O capitão da equipe uruguaia era um elemento de etnia negra. Quando seu time ganhou, ele não foi festejar, foi chorar com os brasileiros a derrota do Brasil. Foi nesse tipo de conversa que nos abraçamos, choramos. Hoje ele se foi. É como disse Fernando Pessoa: vou embora, mas fico."
Jards Macalé, cantor e compositor, à Folha
"Veias abertas fomos nós. Naquele momento, com todas as ditaduras no hemisfério sul, ele era uma das vozes de resistência, nosso herói literário da América Latina. Cada um luta com seu instrumento. O mundo fica mais empobrecido. E o mundo já está pobre a pampa para morrer uma pessoa desse calibre."
Racing, clube de futebol argentino, em seu site
"Referente fundamental da cultura latino-americana do século 20, torcedor do Club Nacional e 'mendigo de um bom futebol' – como ele mesmo se definia –, Galeano foi o autor de uma frase que ficará marcada para sempre na memória de todos os que apreciamos este jogo: 'O futebol é a única religião que não tem ateus'."
Livraria da Folha
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