Robô de 'Chappie' é dos mais cativantes da ficção científica recente
Os primeiros cinco minutos de "Chappie", de Neill Blomkamp, parecem um autopastiche de "Distrito 9", seu primeiro filme. Em um falso documentário, personagens depõem sobre um futuro distópico, em que um robô criado para ser um policial perfeito se torna um criminoso.
É como se Blomkamp tivesse apostado em uma fórmula certa, substituindo os alienígenas de "Distrito 9" pelos robôs de "Chappie". Mas a impressão passa logo, e o novo filme consegue afirmar uma identidade própria –embora nem sempre satisfatória.
Na África do Sul do futuro, os robôs-policiais reduzem a taxa de criminalidade a níveis baixíssimos. Deon Wilson (Dev Patel), que os programou, cria um robô com capacidade de pensar e agir por conta própria, desde que ensinado corretamente.
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Robô do filme 'Chappie' |
O problema é que Chappie (Sharlto Copley), como ele é batizado, cai nas mãos de criminosos. A partir daí, Blomkamp usa a ficção científica para falar sobre educação (como havia feito para tratar de preconceito em "Distrito 9").
De um lado, Deon quer que Chappie possa escrever poemas e pintar quadros. Do outro, os criminosos que o sequestraram o transformam em uma espécie de "gangsta rapper", com o mesmo linguajar e atitude do bando.
Desse choque entre linhas "didáticas", surge um dos robôs mais carismáticos da ficção científica recente –inocente, violento, engraçado e existencialista. Esse é o maior trunfo de "Chappie". O problema é a incapacidade de Blomkamp articular com uma mínima coerência as muitas ideias originais que teve.
O excesso de imaginação é um problema menor do que a ausência dela. Caótico e por vezes dispersivo, "Chappie" tem mais personalidade que a maioria dos filmes de ficção científica recentes.
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