'Chappie' debate condição humana ao retratar androide com consciência
Em um futuro não muito distante, a cidade de Johannesburgo, na África do Sul, encontrou uma maneira de diminuir a criminalidade: no lugar de policiais de carne e osso, o departamento de polícia incorporou às suas fileiras robôs programados para agir sob pressão.
Desprovidos de emoções e controlados por humanos, os androides são a arma perfeita na guerra urbana travada entre o Estado e o submundo do crime. Mas o que acontece quando um desses robôs é programado para pensar e agir por conta própria?
"Chappie", que estreia nesta quinta (16) no Brasil, tenta responder essa pergunta, levando para as telas a discussão sobre o que constitui, de fato, o ser humano.
Divulgação | ||
O robô de 'Chappie', criado digitalmente com tecnologia de sensores de movimento conectados ao corpo do ator Shartlo Copley |
O filme leva o nome da personagem principal, um robô policial que, após sofrer severos danos em uma operação, é descartado pela empresa que o fabrica.
O engenheiro responsável pela programação dos robôs, Deon Wilson (interpretado pelo ator britânico Dev Patel), porém, tem outros planos para a sentinela: instalar um programa que permite a criação de uma consciência própria ao androide.
A trama se desenvolve em torno de Chappie e mostra todas as fases de seu desenvolvimento –desde o "nascimento", passando pelo aprendizado básico, até a emancipação. Um dos pontos centrais em debate na produção é como o ambiente no qual um indivíduo é criado tem influência sobre seu caráter e sua personalidade, e como essas características contribuem para a formação de um ser humano.
"O que é, afinal, a alma? Seria ela definida pela ciência? Ou é algo a mais?", questionou o diretor e roteirista do filme, Neill Blomkamp, durante entrevista coletiva para promover o filme em Berlim.
"Chappie" é o terceiro longa do sul-africano Blomkamp, que iniciou sua carreira de diretor com "Distrito 9" (2009), indicado para o Oscar de melhor filme.
ELENCO DE PESO
A estreita ligação entre Blomkamp e o universo da ficção científica foi o que atraiu nomes de peso ao elenco de "Chappie". Hugh Jackman interpreta seu primeiro vilão, Vincent Moore, um engenheiro que resiste à ideia de inteligência artificial. Sigourney Weaver atua no papel de Michelle Bradley, CEO da empresa Tetra Vaal, que fabrica os robôs.
"Eu queria trabalhar com Neill Blomkamp desde que vi 'Distrito 9'. A mente de Neill é simplesmente fascinante", disse Jackman à Folha.
"Eu sempre amei trabalhar em projetos de ficção científica porque é uma área que tem um espaço criativo bastante amplo no qual é possível abordar questões relevantes para a sociedade", afirmou Sigourney Weaver.
A atriz, considerada uma musa do gênero por protagonizar a série "Alien", ainda elogiou a escolha de Blomkamp para dirigir o próximo filme da franquia –ainda em fase de pré-produção.
"Chappie" também conta com as atuações de Ninja e Yo-Landi, do grupo de rap-rave sul-africano Die Antwoord. Segundo Blomkamp, a ideia para escrever o roteiro do filme surgiu após ele ter contato com o som do grupo.
"Eu estava trabalhando no roteiro de 'Elysium' quando ouvi as músicas deles. Vi alguns videoclipes e decidi que queria dirigir um filme no qual eles criavam um robô como se fosse filho deles. A ideia era doida e fiquei surpreso quando consegui dinheiro para fazer o longa", disse o diretor.
Enquanto no filme o desenvolvimento de Chappie como um ser pensante autônomo é visto como uma ameaça para a humanidade, o tema de inteligência artificial divide o elenco e o diretor da produção.
"Eu não sei se o homem tem a capacidade de criar uma forma verdadeira de inteligência artificial, mas se isso acontecesse eu não teria medo porque acho que faz parte da evolução, mesmo que isso significasse o fim da raça humana", afirmou Blomkamp.
"Os computadores estão cada vez mais inteligentes. Será que nós estamos mesmo no controle?", questiona Patel.
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