Zabelê volta ao pátio da escola para gravar primeiro álbum solo
Quando se sabe que a cantora Zabelê se isolou para ensaiar com seus músicos num sítio perto de Araras, na serra fluminense, é inevitável recordar o retiro rural dos Novos Baianos, banda dos pais, Baby do Brasil e Pepeu Gomes.
Mas, musicalmente, seu primeiro álbum solo passa longe de uma visita à mistura de rock, samba e ritmos regionais brasileiros que moldou os Novos Baianos.
Sérgio Menezes/Divulgação | ||
A cantora Zabelê, que lança seu primeiro disco solo |
"Zabelê", o disco, tem pop, bossa, balada, alguma levada de jazz, guitarras, metais e faixas minimalistas.
Zabelê, a cantora, não quis levar a família ao estúdio. "É um momento muito delicado, o começo de uma nova vida para mim. Mas quis ter alguém que tivesse conexão comigo, intimidade. Aí convidei o Domenico [Lancellotti] para produzir", diz ela à Folha.
Músico, produtor e colaborador de artistas importantes. entre eles Caetano Veloso, Fernanda Abreu, Adriana Calcanhotto e Orquestra Imperial, Domenico trouxe alguns amigos que se destacam nos discos da MPB recente.
A ficha do álbum "Zabelê" é um desfile de nomes disputados nos estúdios: André Carvalho, Pedro Sá, Kassin, Marcelo Callado, Alberto Continentino e Moreno Veloso.
Ela revela que essa escalação é fruto de longas amizades. "Domenico é um amigo de infância. Estudamos na mesma escola no Rio, a Senador Correia, que fica na praça São Salvador, Moreno estudou lá, o Pedro Sá também."
Zabelê define a gravação como "um flashback gostoso". "Lembranças de muitos anos atrás, de pátio, de recreio. Eu me sinto muito à vontade. Cada vez que eu ouço o disco penso: 'Caramba, não podia ser mais eu!'. Ele é tão eu que eu me assusto."
O repertório é de inéditas, muitas com cara de sucesso: o bolero "Enquanto Desaba o Mundo", de Kassin, "Nossas Noites", bossa-jazz de Domenico e Alberto Continentino (responsável por fortes arranjos de metais no disco), "Prática", música "pra cima" de André Carvalho (filho de Dadi) e "Na Paz", música delicada de Luísa Maita.
O álbum é leve, "solar", como diz Zabalê. A voz da cantora é impecável. Ela, que tem 40 anos, conta que as pessoas a cobram por ter demorado tanto a fazer um disco solo, depois de mais de uma década e três álbuns com o SNZ, grupo pop no qual cantava com as irmãs Sarah Sheeva e Ñana Shara.
Zabalê respeita a decisão da mãe e das irmãs, que são agora evangélicas, mas não as acompanhou. Está bem cercada pelos amigos talentosos, mas é evidente que segue seu caminhos sozinha.
Mesmo que muita gente vá adorar chamar a música que divide com Moreno Veloso no disco, "Cara de Cão", de uma espécie de segunda geração da tropicália. Deixe que falem.
ZABELÊ
ARTISTA Zabelê
LANÇAMENTO independente
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Livraria da Folha
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