Entre a TV e a música, China busca priorizar seu rock de misturas
"Eu gravo meus discos de um jeito diferente. Componho em casa, gravo tudo sozinho, no computador, e aí vou convidando os amigos para deixar o disco mais bonito. Se sair com eu tocando tudo, vai ficar ruim."
A frase representa a maneira desencanada de China falar sobre sua carreira. Na verdade, uma de suas carreiras.
Quem assiste TV já viu esse músico e cantor pernambucano como VJ da antiga fase da MTV ou como apresentador/repórter do programa "A Liga", na Band.
Pode ter ouvido sua voz no programa que teve na Rádio Oi. Ou até conhecer o China vocalista nas bandas Sheik Tosado, nos anos 1990, e Del Rey, em atividade.
Mas o China prioritário é o cantor em carreira solo, que lança "Telemática", depois de um EP e dois outros álbuns.
Carreira solo, em termos. Como ele disse à Folha, chama os amigos para embelezar as canções. Como amigos, músicos importantes da cena de Recife, como Jorge Du Peixe (Nação Zumbi), a moçada do Mombojó, Yuri Queiroga e Homero Basílio, da Orquestra Sinfônica de Pernambuco.
"Nós temos a brodagem pernambucana, que é forte. É que Recife é tão difícil que se você não tiver os amigos por perto é melhor desistir e trabalhar num banco."
Com tantas atividades, China tem medo de não ser levado a sério em alguma delas? "Pois é. O trauma do aparelho de som 3 em 1. São três coisas que não funcionam direito."
Ele diz que foi ganhando "sobrenomes". No começo da carreira solo, era "China, ex-Sheik Tosado". Depois veio o Del Rey, banda que toca só covers de Roberto Carlos. Aí ele se tornou China, ex-Sheik Tosado e atual Del Rey. "Agora já esqueceram isso, então virei China, ex-DJ da MTV e apresentador da Band."
Em seus shows, ele prioriza a carreira solo. Não canta nada do Sheik Tosado por respeito aos amigos que tocavam com ele, diz. "Jamais teria a mesma força daquela época."
rock de recife
A música de China é, como na maioria da produção rock de Recife, uma mistura livre de guitarras com percussão regional, batidas eletrônicas e o que mais der na telha.
Em "Telemática", as faixas mudam de intensidade, algumas para pular de verdade, outras mais densas, para acompanhar as letras.
E China esbanja referências um tanto inesperadas nos versos. "Arquitetura da Vertigem", que abre o disco, tem um texto de introdução tirado de uma entrevista do escritor Otto Lara Resende (1922-1992).
A faixa-título foi inspirada pelo texto "A Fábrica", do filósofo tcheco naturalizado brasileiro Vilém Flusser (1920-1991). E a base rítmica de "Subintenções" veio da banda de rock experimental alemã Can.
Mas China não aguenta ficar só na música. "Fico pensando em coisas para fazer. Programa na TV, a produção do disco da Sofia Freire, menina de Recife, tenho selo, tenho estúdio." Ele fez três shows enquanto cobria o Carnaval de Recife pela Band.
"Minha vida se acostumou a ser desse jeito. É tudo planejado. A única coisa que eu não sei é ganhar dinheiro."
TELEMÁTICA
ARTISTA China
LANÇAMENTO independente
QUANTO download gratuito no site chinaina.com.br
Livraria da Folha
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