Pichadores invadem galeria em SP e destroem obras do fotógrafo Choque
Um grupo de pichadores que se identifica como Pixo Manifesto Escrito invadiu a galeria paulistana Crivo na tarde desta terça (21) e destruiu todas as fotografias do artista Choque expostas no espaço da Vila Madalena, na zona oeste da cidade.
Eles também picharam palavras de ódio contra o artista, como "safado" e "pilantra" e ameaçaram um funcionário da galeria para que não reagisse durante a ação, impedindo que ele saísse de uma sala nos fundos do prédio.
As obras destruídas, imagens de pichações espalhadas pela capital paulista, já haviam sido mostradas na Bienal de São Paulo há cinco anos e na Fundação Cartier, em Paris.
Segundo uma nota do grupo que reivindica a ação enviada à revista "Vice", o ato foi uma "retaliação a todo uso indevido de imagens que o fotógrafo vem fazendo dos pichadores de São Paulo", acrescentando que "o Choque não tem credibilidade com o 'pixo' faz alguns anos".
"Já imagino quem tenha feito isso, mas seria desonesto citar nomes", disse Choque à Folha. Ele disse também que a série realizada há cinco anos foi feita com autorização de todos os retratados.
"Esse ataque veio do nada, é uma coisa infundada", diz Choque. "Eles julgam que eu faço uma apropriação do trabalho deles e não querem que ninguém fale desse tema. É um discurso meio fascista."
Na nota publicada pela "Vice", o grupo que reivindica o ataque também acusa Choque de lucrar com o vídeo sobre a morte do pichador Guigo, que caiu de um prédio de oito andares durante uma ação na avenida Rebouças há cinco anos.
Veja vídeo sobre a morte do pichador Guigo
Veja vídeo sobre a morte do pichador Guigo
Choque filmava a ação e conta ter chamado a ambulância que socorreu o pichador, mas ele não resistiu. Ainda de acordo com o fotógrafo, os outros três pichadores que acompanhavam o ato naquele dia fugiram na hora do acidente. Ele suspeita que sejam esses os pichadores por trás do ataque à galeria Crivo.
"Na época, já tinham me ameaçado", diz Choque. "Mas o vídeo não tem nada de violência nem sangue, é uma homenagem ao artista e eu expliquei isso à família dele. Todo mês morre um pichador em São Paulo, são artistas morrendo pela arte deles."
De acordo com a assessoria de imprensa da galeria Crivo, o caso será investigado pela polícia. No total, R$ 15 mil em obras foram destruídos.
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