Documentário sobre o vôlei brasileiro decepciona ao se prender em louvação
Há mais de uma década, uma geração de homens e mulheres empolga o país jogando um vôlei criativo e agressivo. Pela televisão, mostra vitórias emocionantes, viradas surpreendentes e derrotas inexplicáveis.
Essa é a matéria-prima de Ouro, Suor e Lágrimas, dirigido por Helena Sroulevich. Entrevistas com dirigentes e jogadores, cenas de treinamento e imagens televisivas de jogos cruciais compõem o documentário.
O resultado é decepcionante. Apesar de tratar de trajetória ímpar no esporte brasileiro, o filme parece sem rumo. Na falta de um roteiro claro, segue a cronologia dos eventos. Fica acomodado no registro de cenas no centro de treinamento, gastando tempo com superficialidades de bastidores e se contentando com declarações óbvias e sem profundidade.
Divulgação | ||
Giba e Bruninho após derrota na Olimpíada de Londres (2012) |
O documentário tem o mérito de recuperar a história recente das competições, mas pouco esclarece sobre a real rotina dos atletas dos times feminino e masculino.
Além de vagas afirmações sobre os treinamentos extenuantes e a busca pela excelência, não são expostos os detalhes das estratégias adotadas. Nada é explicado sobre o condicionamento físico, a alimentação, o trato do lado psicológico das equipes.
Também não fica conhecendo o perfil dos atletas, como chegaram ao topo, o que pretendem fazer. Num raro momento, a câmera capta a emoção do jogador Giba ao falar de uma conversa pela internet com a filha, inconformada com a ausência do pai. É um ponto alto da fita.
RIVALIDADE
A diretora não deixa de tratar do polêmico corte do jogador Ricardinho, mas nada acrescenta ao já divulgado.
Rivalidades entre os treinadores Bernardinho e José Roberto Guimarães são citadas somente de forma lateral. O lado crítico do trabalho fica reservado a recortes de jornal com ataques ao desempenho das seleções.
No conjunto, fica a sensação de um documentário amarrado pelo oficialismo, com vestígios de louvação à administração dos cartolas da modalidade. Sem imaginação na captação das imagens e na narrativa das histórias, a fita tem uma trilha sonora pobre e desarrumada.
Uma lástima. A história das conquistas do vôlei ainda espera por um trabalho com mais curiosidade, criatividade e competência qualidades que os times esbanjam. Mas que inexistem nesse filme tão sem graça e vigor.
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