CRÍTICA
Grupo Corpo mantém caráter inovador em balés inéditos
De olho no futuro, o mineiro Grupo Corpo completa seus 40 anos sem perder de vista o que o trouxe até aqui: o estabelecimento de um vocabulário próprio de movimentos e uma linguagem única, reconhecida dentro e fora do país.
A companhia fundada em 1975 –na qual os irmãos Paulo e Rodrigo Pederneiras dividem as funções de direção artística e coreografia, respectivamente– chega firme à maturidade com a apresentação de dois balés inéditos: "Suíte Branca" e "Dança Sinfônica".
No programa comemorativo, que acontece no Teatro Alfa até o dia 23 de agosto, o grupo reafirma sua vontade de inovar. Em "Suíte Branca", eles contam com coreografia da novata Cassi Abranches e trilha especialmente composta por Samuel Rosa, vocalista do Skank.
Até hoje, apenas dois coreógrafos, além de Rodrigo Pederneiras, desenharam os passos do grupo: o argentino Oscar Araiz (em 1976 e 1980) e a alemã Susanne Linke (1988).
Abranches fez parte do elenco de bailarinos do Corpo durante 12 anos. Na estreia como coreógrafa da companhia, apostou nos desenhos de cena e em muitos rolamentos.
O cenário, de Paulo Pederneiras, e o figurino, de Freusa Zechmeister, trazem um clima quase gelado, em contraponto ao calor de "Dança Sinfônica", assinada por Rodrigo.
Variada e com sonoridades que vão do clima quase circense ao rock pesado, a trilha de Samuel Rosa estabelece boa atmosfera, que poderia até ser melhor explorada.
Em alguns momentos, vê-se certa fragilidade do elenco masculino, em contraponto ao brilho evidente das mulheres. Cassi tem talento, é sofisticada no uso da técnica, e pode criar dramaturgias ricas com o tempo.
Já em "Dança Sinfônica" tudo parece caminhar em um mesmo sentido. É possível ver o casamento primoroso entre coreografia, luz, figurino e cenário (produzido com mais de mil fotos de viagens do elenco).
A quinta trilha de Marco Antônio Guimarães, líder do grupo Uakti Oficina Instrumental, para o Corpo também está em perfeita sintonia –a execução é da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
O balé se inicia com os homens carregando as mulheres, vestidas com collants vermelhos, em passos lentos e marcados. A partir de então, duos, trios, quartetos e grupos mostram total simbiose com a música.
Destaque para o "pas de deux" que tem interpretação belíssima de Silvia Gaspar (acompanhada por Edmárcio Júnior) e das cenas em que ela aparece sendo "ninada" por um dos bailarinos.
A dramaturgia simples de "Dança Sinfônica", porém marcante e efetiva, mostra a segurança de Rodrigo. Reafirma o Grupo Corpo entre as riquezas da dança brasileira.
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