CRÍTICA
'Entrando Numa Roubada' escapa de humor rasteiro, mas não faz rir
André Moraes é um dos responsáveis pelo divertidíssimo "O Destino de Miguel", redublagem safada feita por seu grupo de amigos (Lázaro Ramos, Wagner Moura e cia.) em cima de cenas do filme "Shakespeare Apaixonado". Sucesso absurdo na internet na década passada. Uma ideia genial.
Boas ideias não faltam a "Entrando numa Roubada", um filme de baixo orçamento e alta pretensão narrativa. No meio desse desequilíbrio, o filme desanda. O resultado é frouxo, e a direção de Moraes parece levar a culpa.
O roteiro mistura três motes que, separadamente, já renderam centenas de produções: filme de assalto planejado, "road movie" e cinema flertando com "reality show". Tudo misturado com um bom argumento: atores rodando um filme de roubos, só que roubando para valer e fugindo da polícia.
Divulgação | ||
Deborah Secco faz uma 'bad girl' no filme de André Moraes |
RITMO E ATUAÇÃO
São duas coisas que derrubam o filme: ritmo e atuação. Nos dois quesitos, há uma contaminação desnecessária de um tanto de histeria. As sequências fluem desordenadamente. A sucessão de trocas de tiros e carros em perseguição acaba cansando.
Os atores são bastante conhecidos e já tiveram momentos melhores e piores no cinema, mas o que fica claro em "Entrando numa Roubada" é que eles estão descontrolados.
Júlio Andrade, com uma filmografia expressiva (como "Serra Pelada"), faz o mais bandido da turma, mas, como atua num tom mais denso, destoa do que deveria ser uma comédia. Falando nisso, a produção é vendida como uma comédia de humor negro. Deveria ser nada escrachada e fazer rir com sutileza. Mas não faz rir.
Lúcio Mauro Filho e Deborah Secco parecem implorar por alguém que possa lapidar os personagens que criaram. Mas ela, de "bad girl", e Marcos Veras, de pastor picareta, ainda são o melhor a ser acompanhado no filme.
Assim, o grande mérito de "Entrando numa Roubada" é escapar do humor rasteiro dessas produções nacionais que parecem programinhas do Multishow levados à tela grande. Mas ainda é pouco. Uma boa ideia que não se concretizou.
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