ArtRio aposta em artistas brasileiros para frear efeitos da crise
Enquanto a cotação do dólar chega a quase R$ 4, a feira ArtRio começou nesta quinta (10) mais compacta do que na edição anterior e com expectativa de venda concentrada nos artistas nacionais.
No estande da galerista Márcia Fortes, da paulistana Fortes Vilaça, 90% das obras selecionadas são de nomes brasileiros. "Temos vários estrangeiros no nosso catálogo. Mas optei por trazer destaques nacionais e artistas emergentes", afirma Márcia.
A oferta na feira reflete a realidade do mercado de arte, que, com a alta do câmbio, torna mais atrativa a negociação de obras nacionais, com valores estabelecidos em real.
Esta vantagem alcança até mesmo o artista brasileiro com visibilidade internacional, mesmo aqueles com trabalhos tabelados em dólar.
"Se uma obra vem do exterior, preciso fechar a venda com o câmbio do dia, pagar taxas de importação", diz Márcia. "Sendo um brasileiro, e se a produção dele está aqui, é possível negociar em real."
A revisão dos impostos cobrados das obras que entram no país é uma reivindicação antiga deste mercado. "Obras vindas do exterior, mesmo de artistas brasileiros, são taxadas em até 48% ao serem vendida no Brasil", diz a galerista, que defende o fim das taxas de importação ao menos para obras de artistas nacionais.
A ArtRio, porém, recebe isenção de 19% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Sem este incentivo, diz Brenda Valansi, sócia da ArtRio, "seria inviável para muitos estrangeiros".
A feira reduziu o tamanho nesta edição, que soma 80 galerias. Em 2012, o evento chegou a reunir 120 expositores.
"Neste ano, não buscamos novas galerias internacionais. Apenas mantivemos algumas parcerias já firmadas em outras edições", disse Brenda.
O número de galerias estrangeiras caiu de 42, em 2014, para 25. Uma baixa de peso foi a Gagosian, que sempre participou da feira no Rio.
Encomendada pela ABACT (Associação Brasileira de Arte Contemporânea) e divulgada no início de setembro, a nova edição da Pesquisa Setorial Latitude mostrou que 5.750 obras de arte foram vendidas em 2014 pelas 41 galerias que responderam ao questionário. Em 2013, o número chegou a 6.500.
"A situação em 2015 parece pior do que nos anos anteriores", diz Eliana Finkelstein, presidente da ABACT e sócia da galeria Vermelho, embora faça a ressalva de que ainda não há números consolidados para confirmar a situação.
Para compensar as perdas, ela acredita que uma alternativa para as principais galerias do país esteja na participação em feiras de outros países. "A arte brasileira ficou mais barata lá fora". Ela vai levar os artistas da Vermelho a 11 feiras ao longo deste ano.
O levantamento revelou que as negociações em feiras de arte nacionais e internacionais representaram 40% das vendas das galerias em 2014.
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