John Legend é tão falso quanto a Estátua da Liberdade da Barra
Poucos artistas pop têm um nome artístico tão pomposo: John Legend ("lenda"). Mas depois de sua apresentação na terceira noite do Rock in Rio, a única lenda a respeito do sujeito é tentar descobrir por que ele é considerado um grande soulman contemporâneo.
Legend é um daqueles popstars superproduzidos, tipo Lenny Kravitz e Jay Kay (Jamiroquai), que escolhem um gênero musical, espremem dele toda a força, originalidade, perigo e sex-appeal, e terminam com uma música rala e anêmica, mantendo apenas um fiapo de autenticidade para fazer o público médio acreditar estar diante de um autêntico representante do tal gênero.
A praia de Legend é a soul music romântica de Marvin Gaye e clássicos da trilha sonora de motel, como Barry White, Billy Paul e Teddy Pendergrass. Mas ele não tem carisma ou comando de palco para chegar nem perto desses monstros. Tudo é ensaiadinho demais, e falso como a Estátua da Liberdade que adorna o caminho até a "Cidade do Rock".
Com exceção de um pequeno grupo que se aglomerou na frente do palco e parecia adorar o show, o resto da plateia reagiu com frieza. No meio da apresentação, muita gente batia papo, tuitava ou tirava selfies. A maioria só se animou quando Legend cantou suas músicas mais conhecidas, como "All of Me" e a vencedora do Oscar "Glory", da trilha do filme "Selma". Nem a versão de "Move On Up", de Curtis Mayfield, conseguiu tirar o público da letargia.
Mas Legend engana bem: de vez em quando soltava uns falsetes, ao estilo de calouro do "American Idol", fechando os olhos, fazendo biquinho e cara de amante abandonado. As meninas, claro, o chamavam de "lindo" e "gostoso". Num gesto de extrema ousadia, o cantor tirou o paletó e o jogou no chão do palco, antes de sentar no piano e se esgoelar em mais uma daquelas baladas que publicitário adora colocar em comercial de perfume ou de promoção de Dia dos Namorados.
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