Apesar de boicote, autores iranianos vão à Feira do Livro de Frankfurt
Apesar de o estande do Irã estar vazio e interditado na Feira do Livro de Frankfurt deste ano, alguns autores do país vieram ao evento em protesto contra a decisão do país de boicotar a feira.
O autor alemão Navid Kermani, vencedor da última edição do Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão, que tem nacionalidade iraniana, encontrou-se ontem com alguns escritores do país para manifestar solidariedade.
"Estou sempre do lado da liberdade de expressão. A vinda de alguns escritores e editoras foi muito corajosa", disse Kermani à Folha, ressaltando que "muitos autores" já foram mortos no Irã. "Salman Rushdie não é o único ameaçado, existem muitos outros em questão."
Daniel Roland/AFP | ||
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Visitante no estande da Indonésia na Feira do Livro, em Frankfurt |
O boicote do Irã foi uma resposta à participação do escritor Salman Rushdie na cerimônia de abertura da feira. Em 1989, com a publicação do romance "Versos Satânicos", Rushdie foi condenado à morte pelo aiatolá Khomeini, por meio de um decreto religioso.
O extremismo, aliás, foi discutido no evento Frankfurt Undercover, criado pela escritora dinamarquesa Janne Teller, que terminou ontem. Durante três dias, cerca de 40 escritores de 35 países discutiram o tema a portas fechadas e vão redigir um documento para enviar à Organização das Nações Unidas.
Ao lado do presidente da Feira, Juergen Boos, quatro escritores do grupo falaram na sexta (16) à imprensa sobre seu plano de ação. Eles evitaram adiantar propostas, mas a ideia é criar uma plataforma internacional de autores em defesa dos direitos humanos. Para os participantes, o papel dos escritores seria alcançar as pessoas, antes que elas se tornem extremistas.
A paulistana Noemi Jaffe, única brasileira no grupo, disse que contribuiu com a discussão, falando de suas experiências na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, onde mantém uma oficina de leituras.
Neste ano, a Feira de Frankfurt também discutiu o futuro das narrativas. O espaço Orbanismo, instalado pela primeira vez, vem recebendo escritores, editores e produtores que defendem a "mistura de mídias". A expressão Orbanism, dizem os idealizadores, mistura as palavras "órbita" e "urbanismo".
É o caso da produtora de "videobooks" Docmine, com sede em Munique e Zurique, especializada e contar histórias de forma multimídia.
Seu chefe, Patrick Müller, apresentou ontem seu último projeto, sobre o escritor suíço Friedrich Dürrenmatt (1921-1990). Para lembrar os 25 anos da morte do autor, a Docmine lançará um livro-vídeo com filmes, fotos e pinturas de Dürrenmatt, além de links para suas obras.
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