CRÍTICA
Longa com Ana Paula Arósio é um fútil exercício sobre a sofisticação
"A Floresta que se Move", segundo longa de Vinicius Coimbra, reafirma as ambições nada modestas do diretor. Depois de estrear com uma adaptação de "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", de Guimarães Rosa, em seu novo trabalho o cineasta propõe uma livre releitura de "Macbeth", de Shakespeare.
Livre em termos. O roteiro assinado por Coimbra e Manuela Dias desloca a trama do passado para hoje. A luta por poder deixa de ter como objeto um trono e passa a ser a presidência de um banco.
No lugar do general Macbeth, da gananciosa Lady Macbeth, do rei Duncan e do companheiro Banquo, temos o executivo Elias, sua mulher Clara, o banqueiro Heitor e o grande amigo e colega Cesar.
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Ana Paula Arósio nas filmagens do longa "A Floresta Que se Move" |
A transposição de época pretende mostrar que continuamos em queda livre, como a humanidade vista por Shakespeare. Mas o filme não decide se quer reinterpretar o presente, entreter com uma trama policial meia-boca ou demonstrar o vínculo eterno entre poder e corrupção.
"A Floresta que se Move" prefere se entregar a um exercício fútil de classicismo. Apesar de o elaborado desenho de produção oferecer elementos visuais sugestivos, o texto e a direção parecem interessados apenas em refletir ideias prontas de nobreza e sofisticação.
Desde as imagens aéreas, ao som de Villa-Lobos, passando pela arquitetura angulosa do banco e as locações no Uruguai, o filme é preconcebido como um produto chique.
O fato de marcar o retorno de Ana Paula Arósio reafirma essa distinção, como um papel sob medida (Clara, a Lady Macbeth da trama) para uma estrela que saiu de cena para não reproduzir o padrão.
A superficialidade se agrava com as atuações, com destaque para o trágico prêt-à-porter de Gabriel Braga Nunes (Elias). Se a maturidade projeta sombras no rosto de Arósio e torna sua personagem ameaçadora, ela parece só esforçada ao expressar o peso da culpa e a perda da razão.
Saber que logo veremos Michael Fassbender e Marion Cotillard numa versão bastante elogiada de "Macbeth" é outro motivo para manter guardado o valor do ingresso.
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