Paulo Miklos estreia no teatro no papel do trompetista Chet Baker
O titã Paulo Miklos há tempos adentrou o terreno do cinema: já foi matador de aluguel ("O Invasor"), chefão do crime ("Estômago"), cantor de bar ("É Proibido Fumar") e até Adoniran Barbosa (no curta "Dá Licença de Contar"). Agora fará sua estreia no teatro, como o trompetista americano Chet Baker (1929-88).
Miklos integra o elenco de "Chet Baker, Apenas um Sopro", texto de Sérgio Roveri com direção de José Roberto Jardim, que estreia no dia 18/1, no CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, tel. 11-3113-3651).
"Tinha uma vontade enorme de fazer teatro. Trabalhar em filmes alargou meu horizonte como artista. E minha experiência [de músico] é no palco", diz o vocalista dos Titãs.
Lenise Pinheiro/Folhapress | ||
Paulo Miklos e Nathalia Dill em estúdio na zona oeste de São Paulo |
Ele e a equipe começaram a trabalhar o texto nesta semana. "Tudo é surpreendente para mim. Estou me sentido como no primeiro dia em que entrei num set de cinema."
Não se trata de um musical ou de uma peça documental, conta Roveri. A trama é fictícia, mas faz referência a fatos reais da vida do trompetista.
A história se passa em um dia dentro de um estúdio: retrata um Chet na casa dos 40, de volta à ativa após mais de um ano longe da música. Em 1968, ele levou uma surra depois de um show e perdeu os dentes da frente. Não conseguiu tocar trompete até receber uma dentadura meses depois. Fez bicos nesse período, trabalhando até de frentista.
No estúdio, o trompetista tenta retomar sua carreira gravando um disco de grandes sucessos com uma cantora (Nathalia Dill), um contrabaixista (Jonathas Joba), um pianista (Piero Damiani) e um baterista (Ladislau Kardos).
"É um momento em que ele está inseguro. E isso faz dele um cara muito arredio", diz o dramaturgo. "Ele era muito 'bad boy', tinha um envolvimento grande com drogas", continua Miklos sobre o viciado em heroína. "Um aprisionamento da alma em torno daquela maravilha de música que era capaz de traduzir. É esse Chet que estou tateando."
SEDUTOR
Executada pelo elenco, a música entra para costurar a trama. "Todo mundo aqui tem uma experiência musical e interpretativa. Era importante que os atores fossem musicistas", afirma o diretor.
Os demais músicos servem de contraponto à figura conturbada de Chet. Levantam discussões sobre as mudanças na música e se aquele jeito jazzístico de cantar e tocar estava com os dias contados.
Alice, a cantora interpretada por Nathalia (sua primeira atuação no teatro paulistano), é um resumo das mulheres que se envolveram com Chet.
"Não tem como falar de Chet sem as figuras femininas do seu entorno", diz a atriz. "Ele era muito sedutor. Não só com mulheres, mas também com amigos e músicos."
A beleza do trompetista, que era comparada à do astro James Dean, também atraía a atenção da moda.
"Ele tinha uma coisa muito conceitual sobre a imagem dele. Meio despretensiosa, casual", conta Miklos. "E era consciente desse poder de sedução, sabia tirar proveito disso", completa Roveri.
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