CRÍTICA
Retrato sem dó de fanáticos religiosos é mérito de diretor
O mérito de "Oração do Amor Selvagem", do catarinense Chico Faganello, é colocar em cena a intolerância religiosa, tema atualíssimo e pouco discutido pelo cinema nacional. A história é uma adaptação de fatos reais, sucedidos no fim dos anos 70 e no começo da década seguinte, no interior de Santa Catarina.
Thiago (Chico Díaz) é um humilde trabalhador rural que procura, com a filha Clara (Camilla Araújo), um médico para a mulher. A mulher acaba morrendo, e Thiago decide ir para um vilarejo, onde é acolhido por uma viúva (Sandra Corveloni).
Mas Kurtz (Ivo Müller) –pastor protestante, líder religioso local– logo o obriga a participar dos cultos. Com a recusa de Thiago, ele inicialmente o despreza, e depois passa a acossá-lo com violência. Tudo se complica quando o viúvo se apaixona por Miranda (Camila Hubner), irmã do tirano.
Divulgação | ||
Cena do filme "Oração do Amor Selvagem" |
Faganello narra essa história forte com competência, privilegiando os silêncios em relação aos diálogos, o que instala uma atmosfera asfixiante, cheia de suspense e morbidez.
Pinta um retrato impiedoso do fanatismo religioso, que se alimenta da ignorância e do medo do diferente para se imiscuir na vida alheia em nome de Deus.
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