CRÍTICA
Personagem central se perde em 'Que Viva Eisenstein'
Divulgação | ||
Elmer Bäck (de paletó branco) em cena como Sergei Eisenstein |
Em arte, é bacana ser irreverente. O que Peter Greenaway promove, contudo, é a transformação do grande cineasta e teórico da montagem Sergei Eisenstein em marionete para tolas provocações.
Desde "O Bebê Santo de Macon" (1993), seus filmes são pontuados pelas ideias mais infames e inflados por uma insuportável vontade de chocar.
Nem sempre foi assim. Até "O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante" (1990), Greenaway revelava inquietação mais crítica (e bem menos afetada e carnavalesca) em relação à sociedade e às artes.
"Que Viva Eisenstein!" mostra um diretor turbinado pela provocação. A trama cobre o período em que Eisenstein esteve no México, onde teria tido sua primeira relação homossexual com um jovem rico que o hospedava.
Ele passaria então a aceitar melhor seu corpo e sua sexualidade.
Seria um tema ótimo para o alemão Rainer Werner Fassbinder, que tão bem retratou esse tipo de conflito.
Mas o maneirismo de Greenaway é muito diferente do maneirismo de Fassbinder. Este utilizava movimentos circulares de câmera, por exemplo, para expor relacionamentos problemáticos ou situações em que os personagens se encontram sem saída, como em "Martha" (1973) e "Num Ano com 13 Luas (1978)".
Greenaway usa o movimento circular como exibicionismo. Quer extrapolar as formas em exercícios de vulgaridade que não dizem nada.
Esses truques de estilo existem apenas para demonstrar suposto domínio do espaço, que, duramente iluminado para movimentos coreografados, raramente serve ao drama.
"Que Viva Eisenstein!", nesse sentido, é anti-Fassbinder. Mais: é anticinema. Nada mais indigno do grande Sergei Eisenstein.
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