CRÍTICA
Filme 'Invasores' é bem-sucedida história de jovens
Divulgação | ||
Emanuela Fontes (à esquerda), Maxwell Nascimento, Fabio Neppo e Rita Batata em cena de 'Invasores' |
Em "Invasores", de Marcelo Toledo, Cláudia Aparecida da Silva (Emanuela Fontes) é uma estudante de piano com um dilema comum como seu nome: a condição financeira não bate com a aspiração artística.
Ela quer prestar o vestibular na USP, mas não tem onde praticar para a prova de aptidão musical, pois não tem piano em casa e não encontra espaço adequado em lugares públicos.
Convencida pelo namorado, Nilson (Maxwell Nascimento), eles invadem um lugar onde fabricam pianos e ela começa a praticar ali. Toca música erudita em um depósito escuro e mal ventilado. Cláudia e Nilson passam a invadir lugares onde ela possa praticar.
Além de lutar contra sua condição de moradora de um bairro na periferia de São Paulo, Cláudia tem de lutar também contra a falta de apoio dos familiares e sua própria insegurança.
Mais uma vez estamos diante de um drama em que a protagonista tem, antes de tudo, ela mesma como sua própria inimiga. Também tem de lidar com preconceitos e brutalidades.
"Invasores" é um drama simples, que reflete uma realidade bem atual (menções ao Enem, a bolsas do ProUni), com personagens que vemos no dia a dia.
Há o momento em que Cláudia grita para desabafar, espécie de chavão de dramas brasileiros. Há o momento em que Sharise (Rita Batata), a amiga de Nilson, invasora e pichadora como ele, hostiliza Cláudia porque sente ciúme, e não entende como ele pode se apaixonar por uma "patricinha".
Os clichês se sucedem: nos dilemas dos adolescentes, nos problemas com a lei, no trabalho e no estudo.
Os encontros do trio de pichadores (há também o personagem chamado Jamais, vivido por Fábio Neppo) têm diálogos caricaturais, gírias forçadas e malandragem artificial e exagerada.
Também é clichê o comportamento da câmera, que brinca o tempo todo com o foco e o enquadramento, embora por vezes consiga imagens bem interessantes.
É um filme que se equilibra tortuosamente, com uma série de erros e acertos. Longe de ser totalmente bem-sucedido, ao menos está acima da média no cinema brasileiro recente.
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