ANÁLISE
Por um milagre, até que o Oscar deste ano não está mal
Por algum milagre, até que não está mal o Oscar 2016. Se não há, entre os oito indicados a melhor filme, nenhum à altura de "Sniper Americano", do esnobado Clint Eastwood, temos ao menos cinco bons longas -em 2015 eram três.
"Mad Max: Estrada da Fúria" é o melhor. O septuagenário George Miller dá um banho em qualquer garotão metido a diretor de ação.
Num mundo perfeito, a estatueta seria dele. Mas deve ir para Alejandro González Iñárritu, pelo exibicionismo vazio de "O Regresso". Ou para a direção ruim de Adam McKay em "A Grande Aposta".
"Perdido em Marte" é dos raros momentos em que Ridley Scott não atrapalha.
A direção é contida, valoriza os atores e usa bem a música.
"Spotlight: Segredos Revelados", de Tom McCarthy, "Brooklin", de John Crowley, e "O Quarto de Jack", de Lenny Abrahamson, completam os bons filmes desta edição.
O primeiro retoma o tom sóbrio e seco do clássico "Todos os Homens do Presidente" para mostrar o desmascaramento dos padres pedófilos de Boston por uma unidade especial de jornalistas.
Simpatia é uma qualidade de "Brooklin", filme que nos cativa pela atuação de Saoirse Ronan. É preciso muita sensibilidade para passar ao espectador a dúvida que consome a personagem, dividida entre dois homens e dois países.
O Oscar de melhor atriz, porém, deve ir para Brie Larson, por "O Quarto de Jack". Ela merece. É um papel difícil, cheio de variações de humor que podem muito bem levar a caricaturas, mas ela o interpreta com garra impressionante.
Tudo indica que é a vez de Leonardo DiCaprio, bom ator que seria premiado pelo filme errado: "O Regresso". Mas a concorrência é forte, sobretudo com Matt Damon, "homem das estrelas esperando no céu" de "Perdido em Marte".
Entre os indicados a melhor filme estrangeiro, deve ganhar o superestimado "O Filho de Saul". Menos mal que os outros indicados também sejam fracos, diferentemente do ano passado, quando tínhamos três filmes interessantes e um excelente ("Timbuktu").
Divulgação | ||
Cena do filme "Perdido em Marte" |
ESTRANHO
Nas outras categorias, destaque para o estranho "Ex-Machina: Instinto Artificial", de Alex Garland, indicado a melhor roteiro original. Fala de manipulação e desejo de uma maneira diferente. Infelizmente, ainda não
tem data de estreia no Brasil.
Sobre a acusação de racismo na Academia, se pensarmos no elenco e no diretor de "Straight Outta Compton: A História do N.W.A." (lembrado apenas pelo roteiro original), na direção de "Creed" e na interpretação de Samuel L. Jackson em "Os Oito Odiados", é estranho não ter nenhum negro nas principais indicações.
NA TV
Oscar 2016
Exibição da cerimônia
QUANDO a partir das 20h30, na TNT; na Globo, após o 'BBB'
Livraria da Folha
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