Diplo leva sua colagem sonora pela terceira vez ao Lollapalooza
Diplo, 37, conheceu a música brasileira em 2004. Nada de Tom, Vinícius, Caetano ou Gil: apaixonou-se mesmo por Deize Tigrona, Mr. Catra e o funk da periferia.
De lá para cá, o produtor americano, referência da música eletrônica, é figurinha fácil por estas bandas. Só no Lollapalooza, onde toca neste domingo (13) com Skrillex, na dupla batizada de Jack Ü, faz sua terceira apresentação em cinco edições do festival.
"Já é minha terceira vez? Uau, o tempo voa", comenta, em entrevista à Folha.
Attila Kisbenedek/AFP | ||
Diplo, 37, deixa o palco em bolha de plástico, na Hungria |
Fora dos palcos, ele passou temporadas na Rocinha e na Cidade de Deus, onde comprou CDs de funk em camelôs, frequentou pancadões com DJ Marlboro e gravou o documentário "Favela On Blast" (favela em explosão), sobre a cena cultural da periferia.
"Eu acredito que há beleza em todas as culturas. Aprender a me inserir no maior número delas sempre foi uma meta", ele diz, a respeito de suas aventuras antropológicas.
A profusão de influências é o coração de seus 12 anos de carreira, uma colagem de estilos, do hip-hop tropical ao funk, passando pelas notas bollywoodianas de sua "Lean On", faixa que assina ao lado de Jillionaire e Walshy como o trio Major Lazer, a mais escutada de todos os tempos do serviço de streaming Spotify.
Diplo não descarta inserir outros ritmos brasileiros, como o samba, à sua consagrada miscelânea. "É seguro dizer que isso eventualmente acontecerá", diz.
Por enquanto, ele dedica toda a sua atenção à Jack Ü, parceria com o compatriota Skrillex iniciada em 2013.
"Eu e ele somos amigos há anos, sempre trabalhamos juntos nos bastidores. Eu admiro muito sua criatividade", conta. "Trabalho com amigos, com gente que eu acho irada. Se a coisa é forçada, não funciona."
A parceria rendeu dois prêmios na última edição do Grammy (melhor gravação e álbum de dance music), mas foi ofuscada em sua faixa mais célebre, "Where Are Ü Now", pela colaboração de Justin Bieber. Responsável por reformular a imagem adolescente do canadense e colocá-lo na liga dos adultos, a canção é erroneamente vista como dele por parte do público.
Diplo não parece se incomodar. Tampouco se diz afetado pela desvalorização da música eletrônica frente à "música de verdade", tida como mais autêntica.
"Nunca prestei atenção em nada disso", garante, apontando a diversão do público como única preocupação.
Depois do festival, Diplo adianta que voltará ao estúdio com Skrillex para trabalhar no segundo disco da Jack Ü. "Temos muitas colaborações na manga."
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