Claudio Botelho se diz 'envergonhado' e pede desculpas a Chico, que aceita
O ator e diretor teatral Claudio Botelho pediu desculpas a Chico Buarque pelo comentário político que inseriu no espetáculo "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos", baseado nas obras do escritor e compositor.
Na terça (22), ele publicou em seu Facebook um texto em que se diz "envergonhado" pelos acontecimentos após a encenação do espetáculo no último domingo (19), em Belo Horizonte, quando usou uma das falas de seu personagem para criticar a presidente
Dilma Rousseff e Lula. O "caco" desagradou Chico Buarque, historicamente alinhado ao PT, que afirmou que Botelho não poderia mais usar suas obras em outras produções.
A assessoria de imprensa do compositor afirmou que ele "recebeu e aceitou o pedido de desculpas" e "caso venha a ocorrer algum pedido de liberação de uso de suas músicas pelo ator, isso [a retratação] certamente será levado em consideração".
Além de se desculpar pelas alusões a Dilma e Lula ("Ele é o autor, e estou trabalhando com sua obra. Reconheço sua soberania a respeito de tudo que envolva seu nome e sua criação"), Botelho se retratou por ter comparado as vaias que recebeu durante o espetáculo à censura da peça "Roda Viva", de Chico, nos anos 1960. "Citei episódios de repressão pelos quais ele passou, assuntos que não são de minha alçada e não têm qualquer ligação com o incidente de sábado."
O personagem de Botelho, dono de uma companhia teatral, critica a população de uma cidade pequena, que não havia ido à apresentação de sua trupe: "Era a noite do último capítulo da novela das oito. Era também a noite em que um ladrão ex-presidente talvez tenha sido preso. Ou uma presidente ladra recebeu o impeachment?".
A fala foi mal recebida por parte da plateia, que vaiou a apresentação e gritou "não vai ter golpe". O elenco tentou retomar a apresentação, mas não conseguiu, e os ingressos foram reembolsados.
O encenador também se desculpou por sua fala no camarim, após a confusão, gravada e divulgada na internet.Segundo o áudio, ele afirmou que aqueles que o vaiaram "são neofascistas, são escrotos, são petistas, são o que há de pior no Brasil" e "gente que peita um ator que está em cena. Um ator que está em cena é um rei, não pode ser peitado. Não pode ser peitado por um negro [ou nêgo, segundo o diretor], por um filho da puta que está na plateia. Eu estava fazendo uma ficção."
No texto de ontem, desculpa-se com "todos que ouviram aquele Claudio Botelho sem compostura". No entanto, afirma que "nada justifica que invadam minha privacidade, considero a gravação um ato criminoso".
O ator estudava descobrir o responsável pela gravação por meio das câmeras de segurança do teatro, mas desistiu da ideia, segundo seu advogado.
Leia a íntegra do texto de Botelho:
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