Last Shadow Puppets chega poderoso e faz cabaré psicodélico com novo disco
O ensolarado Estado da Califórnia, todo ele, tem girado nestes dias na órbita do enorme Coachella Festival, que ocorreu na cidade de Indio, no deserto, no fim de semana passado. E ocorre novamente, em repeteco, no próximo. Neste intervalo entre Coachellas, parte das cerca de 160 bandas do festival aproveitam para fazer shows pequenos em clubes da região.
O que nos levou, na noite do último domingo (17), ao histórico Fillmore, em São Francisco, casa de shows que já recebeu a vanguarda dos anos 1960, os hippies, o punk, o grunge, o novo rock, Led Zeppelin, Pink Floyd. E que desta vez recebeu o supergrupo indie britânico The Last Shadow Puppets, o primeiro show de nossa série.
Lloyd Bishop/Getty Images | ||
Turner, Kane e Dawes do grupo The Last Shadow Puppets |
De posse de recentíssimo disco novo, "Everything You've Come to Expect", primeiro lugar nas paradas inglesas na primeira semana de vendagem, o Last Shadow Puppets chegou poderoso em São Francisco, com ingressos esgotados há tempos e com pelo menos três músicas novas tocando nas rádios independentes americanas.
A banda é um projeto paralelo do líder do Arctic Monkeys, Alex Turner, e seu amigo, o também guitarrista Miles Kane, que tocava no Rascals e construiu sólida carreira solo. Em estúdio, a banda evoca mais respeito: a produção e a bateria ficam a cargo de James Ford (Simian Mobile Disco) e tem ajuda orquestral do canadense Owen Pallett.
Enquanto o Arctic Monkeys está de férias e seu parceiro Matt Helders anda tocando bateria na atual banda do Iggy Pop, Alex Turner tem levado muito a sério o Last Shadow Puppets.
"Everything You've Come to Expect" é o segundo disco do "plano B" de Turner, cuja estreia em estúdio aconteceu há oito anos, não com tanto barulho como tem sido agora, com o novo álbum.
Mais neste que naquele as músicas estão muito melhores. E ao vivo, mais crescidos, os rapazes Alex Turner e Miles Kane se encontram mais entrosados. A ponto até de reviver uma mania criada pelo grupo Libertines nos anos 2000, o do bromance, o "romance de brothers". Sem conotação sexual na jogada, Turner e Kane levam ao palco uma explícita admiração mútua, de uma alegria visível de estarem ali por terem criado algo juntos.
No Fillmore, depois de um primeiro show no gigante Coachella, o Last Shadow Puppets pareceu estar divulgando ao vivo seu quarto, quinto álbum, de tão afinada que está a banda hoje. Com um quarteto de cordas feminino por trás e um tecladista atuante em sua composição, para tirar o possível ranço de banda indie inglesa dura e levar a dupla a fazer uma espécie de show de cabaré psicodélico e ensolarado (o disco novo foi gravado em Malibu, na Califórnia), Turner e Miles se revezam entre vocais e guitarras principais nas construções de músicas românticas com alguns solos e poses de "guitar heroes" para enfeitar.
O Last Shadow Puppets, o "lado B" de Alex Turner, deve durar bem ainda como "lado A", pelo jeito. Ao menos até o ano que vem. A Folha tem informações de que pelo menos duas grandes produtoras tentam fechar shows da banda no Brasil para o final deste ano, ou, o que é mais provável, 2017.
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