Grifes repensam espaço do Rio na moda em nova semana de desfiles
O Rio passa por um momento particular de sua cultura de moda. Só neste primeiro semestre já aconteceram um grande desfile da grife francesa Louis Vuitton, uma incensada feira de negócios de vestuário e, até a sexta (17), a primeira edição de uma nova semana de desfiles, o Rio Moda Rio.
Segundo os organizadores, os mesmos do Rock in Rio e da feira ArtRio, cerca de 20 mil pessoas acompanharam os 14 desfiles da plataforma de moda que em quatro dias pretendeu aproximar as grifes locais do público, que entrou no Píer Mauá, onde ocorreram as apresentações, pagando ingressos de até R$ 65.
Do propósito de retomar o poder de fogo da moda carioca, porém, o que se viu foi uma faísca de esperança para uma cidade que há dois anos perdeu o Fashion Rio e sofre uma crise financeira calamitosa.
Já no primeiro dia do evento foi armado um desfile-homenagem para grifes emblemáticas dos anos 1980, quando o Rio produzia as peças mais cobiçadas pela então jovem classe média brasileira. A apresentadora Xuxa vestiu para a marca Yes, Brazil o mesmo look transparente usado por ela em uma das campanhas da etiqueta de Simão Azulay. Marcas extintas, como Company e Georges Henri, também desfilaram.
O clima ufanista, que reverenciava marcas antigas e novas do cenário fashion carioca, moldou parte da programação, que destacou os desfiles das grifes Mara Mac, Isabela Capeto, Blue Man e Lenny Niemeyer.
A estilista Mara Mac Dowell, da Mara Mac, foi uma das poucas que entendeu a recomendação do evento de abolir a passarela convencional e pensar novos formatos de apresentação. Num cenário de folhas secas, as modelos passeavam com uma trilha de vozes ao vivo, como a do físico Luiz Alberto Oliveira, que recitou pensamentos sobre a existência humana.
Essa ideia de renascimento também permeou a apresentação de Isabela Capeto, que, ao contrário de algumas marcas que também se apresentaram na São Paulo Fashion Week, como a Osklen, não repetiu as mesmas roupas no desfile do Rio Moda Rio.
Seu processo lento de confecção se opõe à velocidade do modelo de negócio do momento, o "see now, buy now" (veja agora, compre agora), no qual a roupa é lançada na passarela e logo entra na loja, cujo conceito foi adotado pelo evento.
A Blue Man foi uma das que surfou na onda. A tradicional grife de moda praia colocou suas sungas, maiôs e biquínis estampados com motivos da flora mundial à venda logo após o desfile.
Enquanto a grife de Sharon Azulay colocou o público para dançar com "Baile de Favela", Lenny Niemeyer, preferiu a calmaria dos sons orientais para reapresentar a coleção inspirada no Japão.
Ainda há pontos soltos no emaranhado de propostas do Rio Moda Rio, evento necessário à indústria da moda brasileira. É preciso convencer as marcas a não se prender à mesma coleção desfilada em outros eventos, ocupar outros pontos da cidade, unir a mídia especializada e assumir um formato que não se restrinja a um esboço do falido Fashion Rio.
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'FLOP' DE PÚBLICO
Apenas 10% do público do Rio Moda Rio pagaram para entrar no evento, de acordo com Duda Magalhães, diretor da Dream Factory. Ele credita a baixa adesão do público não-fashionista ao pouco tempo entre o anúncio oficial da semana de moda, em abril, e sua realização. A próxima edição, afirma, deve acontecer em novembro.
SÓ MÍDIA
Uma das reivindicações das marcas que participaram da feira destinada à venda de artigos de moda foi o alto custo dos estandes. O preço mais baixo no galpão das lojas temporárias girava em torno de R$ 2.000.
QUINTAL DA GLOBO
"Só podia mesmo ser o Rio. Isso tá parecendo novela das nove", disse uma das convidadas do evento, se referindo à enorme quantidade de globais que passaram pelo Píer Mauá. As atrizes Marisa Orth, Nathalia Dill, Paola Oliveira e Luana Piovani foram algumas das celebridades que garantiram os flashes do evento.
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