Marcia Haydée traz ao país balé 'energético' de 'Zorba, o Grego'
Marcia Haydée faz de tudo um pouco. A bailarina brasileira de 79 anos se firmou no cenário internacional dançando os mais diversos estilos, muitos criados para ela por nomes como Maurice Béjart, John Cranko e Jiry Kylián.
Há 12 anos na direção do Balé de Santiago, diz fazer questão de ensinar aos bailarinos que é preciso conhecer todos os estilos de dança. "O momento que nós vivemos é aberto a tudo", conta à Folha.
Foi nesse espírito que em 2013 a diretora levou ao repertório do grupo chileno "Zorba, o Grego", balé criado em 1988 pelo coreógrafo americano Lorca Massine. A montagem, que logo se tornou um dos grandes sucessos da companhia, chega ao Brasil nesta sexta (15) para apresentações em cinco cidades.
Baseada no romance de Nikos Kazantzakis, a história do aventureiro Zorba ganhou projeção no filme com Anthony Quinn (1964). No espetáculo de Massine, ganhou uma mescla de balé clássico e danças orientais, indiana, espanhola e russa. "Ele viajava com o pai [o coreógrafo e bailarino Léonide Massine] e via muitas coisas", diz Haydée.
Acompanha a história uma trilha sonora energética de Mikis Theodorakis. "A música tem uma energia incrível", conta a diretora. "Já tivemos que fazer cinco vezes o bis."
A produção chilena busca uma contemporaneidade no visual, com um cenário, do artista plástico Jorge Gallardo, composto de texturas que lembram panos retorcidos.
Quem interpreta Zorba é o chileno Rodrigo Guzmán, que pouco depois da estreia chilena ganhou fama com o papel. "Ele se tornou o Zorba do mundo, vai dançar na Itália e em outros países", afirma Haydée. "Ele nasceu para ser Zorba, é o Antony Quinn do balé."
Pouco depois da turnê, Haydée deve se despedir do Balé de Santiago. Deixa a direção da companhia em um ano. Ainda não sabe o que fará depois, mas tem convites do Balé da Stuttgart, onde trabalhou e para atuar no Uruguai.
Continua a praticar ioga com o marido, o professor alemão Günther Schoeberl, e tenta sempre se mexer. "Quero saber, me meto em tudo, tenho iPhone, iPad, tem que aprender, senão fica parada."
Ela, que durante muito tempo atuou fora do Brasil, criou apenas no ano passado sua primeira coreografia em solo nacional –um "Dom Quixote" para a São Paulo Companhia de Dança– e diz que hoje está "de braços abertos para o Brasil". "Eu sei é que parada eu não vou ficar."
ZORBA, O GREGO
SÃO PAULO sex. (15), às 21h30, sáb (16) e dom. (17), às 16h e 20h; Teatro Alfa, r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000; ingr.: R$ 50 a R$ 180; livre
BELO HORIZONTE ter. (19), às 20h; Palácio das Artes, av. Afonso Pena, 1.537, tel. (31) 3236-7400; ingr.: R$ 50 a R$ 200; livre
RIO sex. (22), às 20h, sáb. (23) e dom. (24), às 16h e 20h; Theatro Municipal, pça. Floriano, tel. (21) 2332-9191; ingr.: R$ 40 a R$ 280; livre
CURITIBA qua. (27), às 21h; Teatro Guaíra, r. XV de Novembro, 971, tel. (41) 3304-7900; ingr.: R$ 50 a R$ 200; livre
PORTO ALEGRE sex. (29), às 21h; Oi Araújo Vianna, av. Osvaldo Aranha, 685, tel. (51) 4003-1212; ingr.: R$ 50 a R$ 180; livre
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade