Vânia Bastos grava Pixinguinha com acompanhamento jazzístico
O produtor Fran Carlo decidiu reunir, em 2013, três artistas que se conheciam de modo ainda superficial: Vânia Bastos, Marcos Paiva e Pixinguinha (1897-1973).
A cantora e o contrabaixista enveredaram pela obra de um dos principais compositores brasileiros e realizaram "Concerto para Pixinguinha", show que agora vira CD e volta aos palcos ""no dia 13, no teatro J. Safra, em SP.
Rogerio Cavalheiro/Futura Press/Folhapress | ||
Vania Bastos durante homenagem a Cauby Peixoto na Virada Cultural 2016, em São Paulo |
Vânia Bastos, nascida em Ourinhos (SP) há 60 anos, fez história na "vanguarda paulistana" cantando, nas décadas de 1970 e 1980, com Arrigo Barnabé e outros.
A tradição da música nacional faz parte da sua vida.
"Ouvia muito rádio quando era menina. Há trabalhos meus em que a Vânia de Ourinhos aparece mais", diz ela, que já fez CDs e shows dedicados a Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Edu Lobo e ao Clube da Esquina.
É claro que "Carinhoso" estava na sua memória. "Gavião Calçudo" também, pois gravara em 1997, no álbum "Diversões Não Eletrônicas".
Mas agora pôde conhecer "Isso É que É viver", "Fala Baixinho", "Mundo Melhor" e, com mais atenção, "Rosa".
"Pixinguinha é mais profundo do que eu imaginava. É uma honra cantar esse repertório neste momento da vida", diz a intérprete.
O mineiro Marcos Paiva tinha mais intimidade com a obra, pois tocou choro por alguns anos na noite paulistana. Era um choro-jazz, como diz, com seu contrabaixo ocupando o lugar que é do violão de sete cordas nos conjuntos ditos "regionais": cuidava dos graves e dos contrapontos.
A inclusão dos contrapontos (duas linhas melódicas simultâneas) na música popular brasileira tem em Pixinguinha seu principal artífice.
A criatividade ilimitada do maestro contribuiu para Paiva se sentir livre e dar um tratamento jazzístico às composições (em especial às instrumentais, como "Cochichando" e "Displicente"), além de mexer em algumas melodias.
"Os puristas vão chiar, mas não há coisas intocáveis. Eles compraram demais a ideia do Jacob do Bandolim, de preservação do choro. Pixinguinha rompeu com muitas coisas. Fez 'Carinhoso' em duas partes quando os choros eram sempre em três", diz Paiva.
O quarteto que toca no CD e no show tem um formato raro no Brasil: contrabaixo, vibrafone (Nelton Essi), sopros (César Roversi) e bateria (Jônatas Sansão). Há arranjos ousados, como o de "Lamentos", só com voz e contrabaixo.
"Falam sempre da 'voz delicada' da Vânia. Eu queria destacar a força da intérprete. Não é só cantar bonito o que ela sabe fazer", diz o músico.
CONCERTO PARA PIXINGUINHA
ARTISTAS Vânia Bastos e Marcos Paiva
GRAVADORA Conexão Musical
QUANTO R$ 25
SHOW
QUANDO sáb. (13), às 21h30
ONDE teatro J. Safra, r. Josef Kryss, 318, Barra Funda, tel. (11) 3611-3042
QUANTO de R$ 30 a R$ 100
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade