Rio recebe esculturas gigantescas do artista francês JR durante Olimpíada
Ela não fica devendo nem diante de Michael Phelps: a triatleta francesa Léonie Periault, ascendendo das águas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, é apanhada em meio a uma volta, voando sobre o mar, com uma envergadura de mais de 30 metros.
Periault não está competindo na olimpíada, mas está presente, representada em branco e preto e cercada por andaimes, graças ao artista francês JR. Sua imagem é uma das três esculturas gigantescas que JR instalou pela cidade, como um dos primeiros artistas residentes de uma olimpíada. O programa, iniciado este ano, tinha por objetivo "abrir o movimento olímpico e seus valores à mais ampla audiência possível", de acordo com uma declaração do Comitê Olímpico Internacional (COI). Os outros artistas residentes são o escritor alemão Tilman Spengler e o norte-americano Gerald Andal, astro do canal de vídeos online Vine.
Diego Padgurschi/Folhapress | ||
Instalação do artista frances JR, na Barra, sobre os Jogos Olímpicos |
As peças de JR podem ter o maior impacto visual no Rio, onde ele tem um longo histórico. Seu projeto "Women Are Heroes", realizado na cidade em 2008, envolvia colar fotos gigantescas dos rostos e olhos de mulheres em paredes externas de construções nas favelas em que elas viviam, e o ajudou a ganhar um prêmio na TED, anos depois, cimentando sua reputação internacional como artista de rua. Em 2009, ele fundou o Casa Amarela, um centro cultural e de educação, em uma das mais antigas favelas do Rio de Janeiro, e continua a visitá-lo regularmente.
Seu trabalho para a olimpíada —o projeto de maior orçamento em que ele já se envolveu, disse o artista, embora não revelasse o custo— e uma adição independente à Casa Amarela complementam sua já antiga série de fotos "Inside Out", que transforma paisagens urbanas em telas. Um caminhão fotográfico que circula produzindo retratos em larga escala, colados pela equipe de JR em diversos locais da cidade, se provou grande sucesso entre os moradores locais e os visitantes estrangeiros. Em breve, estará operando na Vila Olímpica.
Para as esculturas, JR fotografou jovens atletas que um dia poderão chegar aos jogos, pessoas que "continuam a trabalhar duro por conta de sua paixão pelo esporte". Há Ali Mohd Younes Idriss, atleta sudanês do salto em altura que treina na Alemanha e perdeu sua oportunidade de participar de uma seletiva olímpica este ano conta de uma lesão. Na visão de JR, ele aparece saltando, de costas, por sobre um edifício de apartamentos abandonado.
O salto talvez seja uma analogia para com o feito de conseguir montar suas instalações no Rio, em meio a uma olimpíada afetada por muito mais problemas do que é comum. A encomenda para o projeto, por exemplo, só se solidificou alguns meses atrás.
"No Brasil, tudo é possível —realmente difícil, mas possível", disse JR.
Essa é a mensagem transmitida pela instalação na Casa Amarela: uma lua prateada montada no topo da edificação, muito acima de tudo mais que existe na favela. Ela no futuro servirá como quarto para o artista residente da casa, disse Marc Azoulay, diretor do estúdio de JR em Nova York, que viveu no Brasil e supervisiona a Casa Amarela.
"É uma grande afirmação para a comunidade", disse Azoulay, "dizer que qualquer um pode chegar à Lua".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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