Em seu último filme, Elke Maravilha teve papel criado para ela, diz diretora
É com o seu tradicional bordão "criança" que Elke Maravilha deve aparecer em seu último papel no cinema, uma ponta no longa "Lua em Sagitário", que será lançado nos cinemas paulistanos em 22 de setembro.
A artista morreu na madrugada desta terça (16), no Rio.
"Criei o papel para ela", diz a diretora Marcia Paraiso. "Como o filme aborda o preconceito, tinha de ser a Elke, que lutou tanto contra isso."
Rodado em Santa Catarina, "Lua em Sagitário" acompanha a história de dois jovens (Fagundes Emmanuel e Manuela Campagna) -ela, uma filha de família tradicional do interior do Estado, e ele, criado em assentamentos do Movimento Sem Terra. Juntos, caem na estrada rumo a um show de rock em Florianópolis e topam com um casal de bichos-grilo: um deles é interpretado por Elke; o outro, por uma figura igualmente folclórica, o roqueiro Serguei.
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Os atores Fagundes Emmanuel e Manuela Campagna, tendo ao meio Serguei e Elke Maravilha, no set do filme "Lua em Sagitário" |
"Pensei que seria uma homenagem do cacete juntar os dois", afirma a diretora, que filmou cinco dias com os dois. "Quando via os dois juntos, mal podia acreditar."
Marcia pediu que Elke incorporasse os próprios trejeitos na personagem, Ulla. "Tanto é que antes mesmo dela aparecer vem a sua voz, dizendo 'criança'", conta,
"Existe uma lacuna de uma geração que não conhece a Elke. Ela tinha 71 anos, mas era uma pessoa de qualquer idade. Apesar de não ter nascido aqui, dizia que o seu coração era brasileiro e ela tinha essas características: o sotaque mineiro, a coisa afetuosa de estar sempre abraçando."
A diretora afirma que ligou para o irmão da artista quando soube que ela estava doente. "A gente achava que a Elke era invencível, que não ia embra. Estou arrasada."
CARREIRA NO CINEMA
Desde 1970, Elke ostenta uma longa carreira de participações especiais no cinema brasileiro: esteve em "Quando o Carnaval Chegar" (1972), de Cacá Diegues, diretor que também a escalou como a antagonista de"Xica da Silva" (1976).
O diretor Gilvan Pereira a convocou para protagonizar "Elke Maravilha contra o Homem Atômico" (1978), ficção científica que tem a artista no papel de uma extraterrestre que enfrenta um cientista maligno.
Fez também uma dançarina em "Pixote: A Lei do Mais Fraco" (1981), de Hector Babenco, e uma cantora alemã em "Zuzu Angel" (2006), de Sérgio Rezende, cinebiografia sobre a personagem-título, estilista de quem foi amiga. No filme de Rezende, Luana Piovani interpreta Elke.
Ela também faz ponta como a mãe do vilão Gonzalez (Paulo Miklos) em "Carrossel 2", atualmente em cartaz.
Paolla Oliveira fará o papel de Elke em "Chacrinha", de Andrucha Waddington, filme que retrata a trajetória do apresentador de quem a artista foi uma das juradas. O longa será lançado no ano que vem.
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