Lukash estreia com 'FoGo', disco teatral e político, e traz shows para SP
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Retrato do ator Lukash, que lança 'FoGo', seu primeiro álbum |
O disco "FoGo" começa com tambores exaltando o orixá da justiça na canção "Xangô". Resvala nas musas da mitologia grega invocadas ao som de guitarras distorcidas e passa pela flauta na indígena "Árvores". Espalha-se por regravações de músicas de Villa Lobos, Nelson Cavaquinho e Torquato Neto.
É psicodélico, carnavalesco. Transita pelo carimbó, pelo rock, pelo samba. Comporta múltiplos rótulos, assim como o seu compositor: o ator, produtor de cinema e agora cantor Lucas Weglinski, 36.
Ou Lukash, que é a persona musical com que ele tem se apresentado nos palcos das ocupações culturais e estudantis que pipocaram após a chegada do governo interino.
"O disco nasce desse momento em que me sinto o habitante de uma floresta em chamas, vendo o país ser destruído", diz o artista carioca.
Independente, "FoGo" estará nas plataformas digitais a partir da sexta (26). E no fim de semana, Lukash faz show de lançamento no Teatro Oficina, em São Paulo, onde, de alguma forma, ele nasceu como artista, em 2006.
Bacharel em direito, entrou para a trupe paulistana um pouco por acaso, levado para assistir a "Os Sertões" pela amiga, a cantora Ava Rocha. "Fui cheio de preconceitos, mas senti um tsunami."
O tsunami durou sete anos, período em que Weglinski foi ator, diretor executivo e cuidou da área audiovisual no grupo de Zé Celso. De volta ao Rio, criou a Cia dos Prazeres em 2012, coletivo cênico sediado no Morro dos Prazeres, comunidade em Santa Teresa.
"Teatro pra mim é música. Aprendi a atuar cantando", diz ele, que já levou suas óperas dionisíacas em hospital psiquiátrico e em meditações peripatéticas morro acima.
Boa parte dos elementos do teatro de Weglinski ecoa em "FoGo": o tom ritualístico, as referências politizadas e a menção a Heliogábalo, jovem imperador romano assassinado após um reinado de polêmicas religiosas e escândalos sexuais com vários amantes.
A canção "Marginália" emenda a letra da música homônima gravada por Gilberto Gil com trecho de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Sérgio Ricardo, e citações a assassinatos de negros e travestis.
"As pessoas hoje parecem sonâmbulas, despolitizadas. Meu disco veio do calor do momento. Por isso, o nome fogo."
FOGO
QUANDO sáb. (27), às 23h; dom. (28), às 22h
ONDE Teatro Oficina, r. Jaceguai, 520, tel. (11) 3104-0678
QUANTO R$ 30
Livraria da Folha
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