Convidado do AC/DC, Axl Rose canta parecido com os vocalistas anteriores
A união improvisada do hard rock do AC/DC com seu vocalista convidado Axl Rose fez sua estreia nos EUA na Carolina do Norte, em 28 de agosto, na colaboração musical esdrúxula mais convincente desde que Freddie Mercury se apresentou com uma cantora de ópera espanhola.
O vocalista do Guns N' Roses é conhecido por seu temperamento volátil, mas não houve divas sobre o palco do Greensboro Coliseum. Em vez disso, Rose, 54, parecia estar contente, pela primeira vez na vida, em desempenhar papel coadjuvante na produção de outros.
De camiseta, jeans rasgado com camisa xadrez amarrada atrás, botas de couro de cobra e, mais tarde, jaqueta preta de couro e chapéu de Zorro, Rose ficou em vários momentos quase escondido na sombra, ao lado da anônima seção rítmica da banda, enquanto o guitarrista Angus Young, 61, percorria o palco simples em seu tradicional uniforme de colegial.
Wenn - 9.jun.2016/Framephoto | ||
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Axl Rose e Angus Young em show do AC/DC na Inglaterra, em junho |
Sua voz trazia uma semelhança bizarra com as vocalizações pouco ortodoxas dos cantores anteriores da banda Brian Johnson e o falecido Bon Scott (1946-1980), se bem que a estridência em alguns momentos fosse dolorosa.
A maioria dos resmungos breves de Rose foi impossível de entender, mas ele fez uma homenagem a Scott ao anunciar que a canção seguinte seria "bíblica", do "Livro de Bon", antes de a banda tocar uma versão em 20 minutos de "Let There Be Rock".
Rose passou apenas os primeiros cinco minutos da canção sobre o palco –o que talvez explique por que ela foi um dos destaques–, enquanto Angus fascinava a plateia com seu atlético blues boogie.
O AC/DC está fazendo sua turnê mundial "Rock or Bust" –que, por alguma razão, não incluiu a América do Sul– desde maio de 2015. Muitos fãs especularam que ela seria sua última, em vista da saída do guitarrista e líder da banda Malcolm Young, 63, que está com demência, e do baterista Phil Rudd, 62, que teve problemas com a justiça em sua pátria de adoção, a Nova Zelândia.
A banda ainda enfrentou outra crise de pessoal na metade do trecho norte-americano da turnê, em março, quando Brian Johnson, 68, foi forçado a sair devido a problemas de audição. Os fãs ficaram consternados com sua expulsão aparentemente insensível, após quase quatro décadas de atuação leal.
Axl Rose se apresentou com o AC/DC num trecho europeu da turnê que seguiu conforme o previsto, com 13 shows em maio e junho, e agora a banda está fazendo dez apresentações nos EUA anunciadas originalmente para março e abril, mas que tiveram que ser remarcadas.
SINOS, CANHÕES
O show de 28/8, diante de cerca de 15 mil fãs de meia-idade, incluiu 24 canções em duas horas e 20 minutos. Foi só depois de uma hora que Rose moderou seus gritos para infundir alguma alma às canções "Live Wire" e "Sin City", da fase inicial do AC/DC.
É claro que, em se tratando de AC/DC, quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam iguais. Em seus mais ou menos 43 anos de vida, a banda pode ter sido muita coisa, mas sempre permaneceu consistente.
Uma boneca inflável acompanhou "Whole Lotta Rosie". Um sino desceu das vigas do teto em "Hells Bells", se bem que Rose não subiu nele, como Brian Johnson fazia. Canhões foram disparados na última canção, "For Those About to Rock".
A turnê termina na Filadélfia nesta terça (20). O futuro da banda é incerto. Se voltar a fazer turnês ou gravar, haverá um novo baixista. Cliff Williams, 66, anunciou aposentadoria, deixando o irmão mais jovem de Malcolm, Angus, como o último remanescente original de algo que hoje é uma de inúmeras bandas de tributo ao AC/DC.
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