Absurdo criativo faz valer a animação 'Festa da Salsicha'
Divulgação | ||
Cena da animação 'Festa da Salsicha' |
Ousada, corajosa e absurda talvez sejam as melhores palavras para definir "Festa da Salsicha", animação idealizada por Seth Rogen, Jonah Hill e Evan Goldberg sobre a vida secreta dos produtos de um supermercado.
Primeiro aviso: tire as crianças da "sala". O filme é recomendado para maiores de 16 anos. Segundo: prepare-se para uma enxurrada de palavrões e piadas ligadas a sexo, religião, minorias, drogas e conflitos étnicos –humor sem pudores da primeira até a última cena. Quase uma pornochanchada gastronômica, que, na versão em português, ganhou adaptação e dublagem do elenco do canal Porta dos Fundos.
Nos corredores de um supermercado, alimentos do mundo inteiro acreditam que irão encontrar o paraíso no dia em que forem escolhidos pelos deuses humanos. Aí, as salsichas lubrificadas, enfim, poderão entrar nas baguetes apertadinhas (não, você não leu errado).
Mas a crença começa a ruir quando uma mostarda com mel é devolvida às prateleiras e, desesperada, tenta alertar para os perigos que todos correm depois de cruzarem as portas reluzentes do estabelecimento.
Embora quase ninguém dê ouvidos ao pote ensandecido, Frank, salsicha-herói da história, inquieta-se e corre atrás da verdade.
Há de se admitir que, desse universo alucinógeno e depravado, emergem boas sacadas e provocações. Não dá para segurar o riso ao ouvir os calvários de um papel higiênico ou de um preservativo usado. É possível também se solidarizar com os dramas de uma batata esfolada viva e de uma pizza mastigada pela metade –méritos de uma animação extremamente bem-feita.
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Em contrapartida, a obsessão por fazer qualquer diálogo soar chulo e politicamente incorreto torna o longa forçado, cansativo; um exagero que pesa contra. Além disso, o público poderia ser poupado de certas cenas de gosto muitíssimo duvidoso.
Ame ou odeie, o controverso "Festa da Salsicha" deverá provocar uma sensação comum em todos os espectadores: incredulidade. Vai ser difícil sair da sessão acreditando no que acabou de assistir.
Nesse sentido, o filme vale pela inovação, ousadia e criatividade; pela coragem de levar algo tão absurdo e surreal às telas.
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