'Não conheço nada da música brasileira', afirma baixista do The xx
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Jamie Smith, Oliver Sim e Romy Madley Croft, da banda inglesa The XX |
A maldição de bandas que explodem repentinamente é conseguir com o segundo álbum o mesmo êxito do primeiro. O trio inglês The xx conseguiu passar de fase. Os dois primeiros discos do grupo inglês indie, "xx" (2009) e "Coexist" (2012), venderam mais de 3 milhões de cópias.
Agora, com "I See You", que será lançado na sexta-feira (13), Romy Madley Croft, Jamie Smith e Oliver Sim injetam uma boa dose de serotonina em sua breve discografia, marcada pelo excesso de vocais preguiçosos e pelas melodias melancólicas que estão nas listas das "melhores músicas para transar" da plataforma de streaming Spotify.
Tanto o álbum quanto o show da nova turnê, que desembarca em São Paulo no dia 25 de março como uma das atrações principais do festival Lollapalooza, são mais dançantes.
"Dançantes para os nossos padrões, mas não diria que são para dançar. São, na verdade, mais pop", explica à Folha Oliver Sim, baixo e voz de sucessos como "Sunset" e "Crystalised", essa última o "hit chiclete" do trio e uma das mais reconhecíveis entre os fãs brasileiros.
Pop, pop, talvez não seja também uma boa definição para as letras depressivas de "I See You". "Mas diria pop, porque pop não significa nada. Qualquer coisa pode ser pop. Beyoncé, que eu acho incrível, é pop, e nem por isso fazemos música como ela. Romy foi para Los Angeles escrever músicas pop, e o resultado é fascinante", diz Sim.
A paisagem solar da Califórnia foi um dos endereços usados pelo grupo na composição do disco. "Para sair da zona de conforto" na qual estavam, os três viajaram também pelo deserto de Marfa, no Texas (EUA), e pela gelada Reykjavík, capital da Islândia.
Sim explica a mudança de ares: "Foram viagens importantes porque sempre gravamos em Londres. Não sabíamos que tipo de álbum queríamos, mas gostaríamos de ter alguma coisa nova, feita de maneira diferente. Muito do que escrevemos no passado foi feito separadamente, um fazia a melodia e depois alguém colocava a letra. Desta vez, nos unimos."
A troca de humores talvez explique a cadência um tom mais acelerada de "On Hold" e "Say Something Loving", duas faixas do novo trabalho. Juntas, entre vídeos e áudios, ambas somam quase 15 milhões de visualizações.
"Uma lição que aprendemos é não ter que nos esforçar demais para ser quem somos. 'Coexist' exigiu uma reflexão muito maior sobre quem éramos do que 'xx', feito sem nenhuma pretensão e que se transformou num acidente feliz. Estamos livres agora".
ÁLCOOL
Sim se recupera de dependência do álcool, assumida no mês passado, que ele usava para "celebrar" o sucesso.
"Atingi um patamar da vida no qual me sinto mais confiante, querendo ser mais transparente. Passei por isso e consegui sair dessa situação [o alcoolismo] me sentindo bem. Foi muito difícil, mas me sinto orgulhoso de ter passado essa fase", conta o músico.
A pinta de poetas atormentados, claro, acompanha um visual diferente da imagem do indie mediano, meio vintage, de jeans. A imagem do xx é moderna, feita de roupas bem cortadas e alfaiataria de grife.
O estilo não passou incógnito. Jamie e Oliver, no ano passado, estrelaram uma campanha da Dior Homme, braço de moda masculina da grife Christian Dior.
"Acredito haver uma forte relação entre música e moda. Amo roupas e gosto de me vestir bem. A moda, aliás, sempre inspirou a música e vice-versa. Veja David Bowie (1947-2016) e como ele instigava e informava sobre a era dele a partir de suas roupas", afirma Sim.
É a tentativa de unir as experiências visual e sonora que o trio trará ao país no show do Lollapalooza. "Conheço o Brasil, fui quando tinha 16 anos para estudar e gostava de lutar capoeira." Mas não espere berimbaus ou animação demais. "Não conheço nada da música brasileira." Alegria, em se tratando do xx, tem limites.
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