Banda Parquet Courts usa lirismo e fúria em busca do sinal dos tempos
Muitas características da banda Parquet Courts aparentemente nos remetem a nomes do passado. O vocal seco e quase falado que parece Lou Reed. Guitarras que alternam momentos furiosos e líricos e trazem à lembrança o Sonic Youth. As observações espertamente sarcásticas que guardam laços com as letras do Talking Heads.
Mas são só referências que nos ajudam a tentar entender de onde vem o combustível que estimula este jovem (mas já experiente) quarteto a produzir rock and roll tão único e (importante) tão atual.
Em vez de ser contentar em recriar o passado, o Parquet Courts faz música do agora, que poderá ser ouvida em São Paulo, no sábado e no domingo, em shows no Museu de Arte Contemporânea "" USP, no evento "The Art of Heineken".
"Tento capturar o que está acontecendo ao meu redor", afirmou à Folha Andrew Savage, vocalista e guitarrista. "Daqui a 50 anos, quem ouvir nossas músicas vai saber o que estávamos fazendo naquele tempo específico."
Os quatro integrantes do Parquet Courts estão baseados em Nova York –assim como Lou Reed, Sonic Youth e Talking Heads. Savage refuta a ideia de que sua banda faça parte de alguma cena, seja geográfica ou geracional.
"Não queremos ser relacionados com nenhuma outra banda e muito menos tentamos recriar uma atmosfera. Não seria honesto." Isso não soa arrogante? "Não é arrogância, é como acho que as coisas devem ser feitas."
CICLO CRIATIVO
O mais recente disco, "Human Performance", saiu em abril de 2016. É o quinto da banda, formada em 2010. Disco + turnê + disco + turnê. Esse ciclo praticamente ininterrupto não significa que o grupo esteja no piloto automático ou preso a uma fórmula.
"Human Performance" tem uma atmosfera de rock de garagem que o difere totalmente da maluquice experimental presente em "Monastic Living", EP lançado em 2015.
Além de Andrew Savage, Austin Brown, também vocalista e guitarrista do Parquet Courts, é responsável pela composição das letras.
"Austin disse que para ele é o mais pessoal. Também acho, mas talvez a palavra mais exata seja vulnerável." A música-título do disco é um exemplo: "Eu sei que eu te amei/ Mas eu fiz por merecer quando você retornou?". É uma balada agridoce, e esse gosto é acentuado pelo vocal relaxado.
PARQUET COURTS
QUANDO 11 e 12/3
ONDE MAC USP, av. Pedro Álvares Cabral, 1.301
QUANTO a partir de R$ 150, ingressos em theartofheineken.com.br
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade