Isca de Polícia grava primeiro álbum após a morte de Itamar Assumpção
Se há alguma incerteza de que uma obra pode perdurar sem seu criador, a Isca de Polícia se esforça agora para desfazer qualquer dúvida.
Concebida por Itamar Assumpção como grande difusora da vanguarda paulista, a banda lança seu primeiro álbum sem o autor de "Nego Dito", "Isca - Volume 1".
"É uma responsabilidade muito grande. A gente sabe o tamanho do Itamar como compositor e que poderia ter essa cobrança. Tanto é que, na parceria com Ortinho, a gente expressou isso", diz o baixista e diretor musical Paulo Lepetit, figura presente desde os primórdios, em 1981.
Gal Oppido/Divulgação | ||
Integrantes da banda Isca de Polícia, que lança agora o álbum 'Isca - Volume 1' |
"Mas o que eu queria era ter feito uma canção que amarrasse as chuteiras do Itamar Assumpção", diz um trecho da faixa em questão, "As Chuteiras do Itamar".
Para Vange Milliet, o receio de levar o grupo adiante sob o nome Isca veio antes mesmo do novo álbum, no primeiro show que fizeram após a morte de Assumpção, vítima de um câncer em 2003.
"Era uma homenagem a ele, deu um frio na barriga no primeiro momento, mas a gente sentiu que tinha legitimidade para levar o trabalho dele e isso já tem 13 anos", ela diz.
Milliet conta que foi preciso uma reformulação no modo de a banda se apresentar. "Embora as cantoras no som do Itamar nunca tenham tido papel de coadjuvante, a gente ficou sem saber como fazer sem ele, como nas discussões de marido e mulher."
A memória é de um show no próprio Sesc Pompeia, para onde a banda retorna e toca neste sábado (15) e neste domingo (16) o novo disco.
Não é somente pela aura de seu idealizador que a banda é amparada. No disco, ela traz composições de antigos parceiros de Assumpção, como Arnaldo Antunes ("Dentro Fora" e "Xis"), Arrigo Barnabé ("Meus Erros") e Zeca Baleiro ("É o Que Temos, É o Melhor").
Um segundo volume, que registra pela primeira vez a faixa "Beleléu, Via Embratel", de Assumpção, deve sair no segundo semestre deste ano.
O projeto foi concebido após uma apresentação da Isca na Calourada da USP, em 2012, que reuniu 5.000 pessoas, renovando o seu público.
Os novos ouvintes -muitos nem conhecem as versões originais das canções, segundo Milliet- em parte buscam a Isca para entender de que fonte bebeu a nova geração de artistas como Tulipa Ruiz (filha do guitarrista Luiz Chagas), Kiko Dinucci e Anelis Assumpção (filha de Itamar).
"A gente está fazendo parte da cena contemporânea como inspiradores dessa geração e agora começando uma fase nova", diz Lepetit.
Para ele, a linguagem de Assumpção foi absorvida pela banda e, com o tempo, ganhou particularidades. "Só foi crescendo durante os anos."
ISCA DE POLÍCIA
QUANDO sáb. (15), às 21h, e dom. (16), às 19h
ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700
QUANTO de R$ 9 a R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
Livraria da Folha
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