Crítica
Diretor alemão revela visão superficial e paternalista do Brasil
Divulgação | ||
Cena de 'Filhos de Bach' |
FILHOS DE BACH (ruim)
ELENCO: Edgar Selge, Aldri Anunciação, Pablo Vinícius
PRODUÇÃO: Alemanha/ Brasil, 2016, livre
DIREÇÃO: Ansgar Ahlers
Veja salas e horários de exibição.
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Quando dois mundos diferentes se encontram, só a "linguagem universal da música" pode fazer com que superem o mútuo estranhamento e se entendam. Demonstrar esse lugar-comum é a tarefa do diretor e roteirista alemão Ansgar Ahlers em seu primeiro longa-metragem, que teve boa parte filmada em Ouro Preto.
Quando era garoto, nos anos 1960, Marten Brückling (Edgar Selge) formou uma dupla musical com o amigo Karl. Com um repertório composto por peças de Bach, alcançaram alguma popularidade na Europa. Mas o duo acabou quando Karl subitamente resolveu morar no Brasil.
Marten então passou décadas ensinando música, mas de maneira um tanto fossilizada, a julgar pela descompostura que lhe passa o diretor do Festival Bach.
Uma reviravolta do destino dá novo alento ao músico: Karl morreu e deixou-lhe como herança uma partitura original do gênio alemão Marten vem ao Brasil receber a herança com a intenção de apresentar a obra no tal festival.
Quando a história passa a transcorrer por aqui, os clichês se acumulam, revelando uma visão superficial e paternalista do país. Para começar, logo que Marten chega a Ouro Preto seu precioso bombardino é roubado, assim como a rara partitura, por Fernando (Pablo Vinícius), um menino de rua. Pouco antes do crime, embevecido, o menino ouvia o alemão tocar, algo difícil de levar a sério.
Para recuperá-los, com a ajuda do falante e desenvolto Candido (Aldri Anunciação) –o único morador da cidade que fala alemão, língua que aprendeu com Karl– Marten vive uma série de peripécias.
Assista ao trailer de 'Os Filhos de Bach'
Trailer de 'Os Filhos de Bach'
Elas giram em torno de uma situação inesperada: o alemão vai dar aulas de música para crianças de um centro de menores infratores. A relação do músico com elas é definida pela oposição simplória da rigidez e do caráter metódico do europeu com a algazarra e o desregramento da criançada. De um lado, Bach; do outro, samba.
Mas, como era de se esperar, pouco a pouco o sisudo alemão vai ficando mais maleável. Já as crianças revelam talento musical repentino. Os problemas acabam sendo resolvidos, afinal o roteiro está cheio de boas intenções, mas isso é feito de forma brusca, bem pouco verossímil.
Talvez a maneira mais prazerosa de se aproximar do filme seja por meio da música.
Nem toda a música de Marten ou das crianças é sublime, mas há alguns bons momentos.
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