CRÍTICA
Francês 'Julho-Agosto' faz retrato despretensioso de adolescentes
Mathieu Morelle/Divulgação | ||
As atrizes Alma Jodorowsky (à esq.) e Luna Lou em cena do filme 'Julho-Agosto' |
JULHO-AGOSTO (bom)
(Juillet Août)
DIREÇÃO Diastème
ELENCO Luna Lou, Pascale Arbillot, Alma Jodorowsky
PRODUÇÃO França, 2016, 12 anos
Veja salas e horários de exibição.
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Tudo parece estar meio fora do lugar em "Julho-Agosto". Há um incômodo persistente pairando na atmosfera que envolve a família retratada no filme do francês Diastème, em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira (13).
Grande parcela desse desconforto é causada pela rebeldia de Laura (Luna Lou), uma adolescente típica, que veste a carapuça de garota enxaqueca.
Respondona, arisca e petulante, ela implora por atenção e tenta, desesperadamente, parecer mais velha do que os seus 14 anos. Ao mesmo tempo, não esconde a admiração e o afeto que tem pela irmã Joséphine (Alma Jodorowsky).
Aos 18 anos, Joséphine já passou da fase crítica da adolescência. É doce, descolada, compreensiva com a mãe, Anne (Pascale Arbillot), e tolerante com o padrasto, Michel (Patrick Chesnais).
Mas, nem por isso, deixa de cometer seus deslizes. Uma festa de arromba proibida aqui, uma roubada amorosa ali... Enfim, situações corriqueiras na vida de qualquer jovem dessa faixa etária.
E é apoiado no universal e no cotidiano que "Julho-Agosto" se desenrola. Não há uma trama maior. A história se concentra nos vínculos e nas fragilidades inerentes à maioria das relações entre pais e filhos. Por isso soa tão familiar.
A primeira metade do longa caminha no ritmo preguiçoso de um verão ensolarado na Riviera Francesa, quando as irmãs passam as férias na companhia da mãe e do padrasto.
O segundo trecho, marcado pelo clima nublado e chuvoso de uma praia na região da Bretanha, ilustra a parte das férias que as meninas aproveitam com o pai, Frank (Thierry Godard).
Tanto em um quanto em outro, os conflitos são o motor da narrativa. A gravidez indesejada da mãe aos 43 anos, a iminente falência do padrasto, a solidão do pai divorciado e, claro, a maneira como Laura e Joséphine reagem a tudo isso.
Permeado por diálogos entrecortados, olhares que não se sustentam, silêncios constrangedores e discussões não verbalizadas, o filme traz uma crônica despretensiosa, porém bastante crível sobre a adolescência.
Mérito de um roteiro honesto, além de uma delicada fotografia e do entrosamento do elenco. Aqui, vale destacar o desempenho da jovem Lou, que constrói sua personagem com charme e competência.
Mesmo que escolha ficar na superfície, "Julho-Agosto" consegue agradar. É trivial sem ser banal; é modesto sem ser vazio. Resumidamente, uma ideia simples e bem executada.
Assista ao trailer de 'Julho-Agosto'
Assista ao trailer de 'Julho-Agosto'
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