Grife portuguesa busca inspiração no Brasil
Fabricante dos serviços de jantar encontrados na mesa do papa, das monarquias europeias e de embaixadas mundo afora, a portuguesa Vista Alegre Atlantis está se associando a artistas de vanguarda brasileiros para expandir sua presença no país.
O Brasil é hoje prioridade no plano de expansão internacional da fabricante, que planeja inaugurar, até o fim do ano, uma loja própria no Rio de Janeiro e outra em São Paulo.
"Queremos fazer o que fazemos em Portugal, com o lançamento de quase uma peça nova por mês assinada por artistas ou designers", diz Nuno Barra, diretor de marketing do grupo.
O designer carioca Brunno Jahara assina o primeiro serviço completo de um artista nacional, o Transatlantica, lançado em janeiro na feira Maison & Objet, em Paris.
Programa de residência atrai jovens designers
Mesclando brasões e caravelas com a iconografia contemporânea carioca --pistola e picolé--, o serviço de 30 peças e R$ 3.700 foi criado após uma residência de dois meses de Jahara na sede da Vista Alegre, no ano passado.
Nos últimos anos, a Vista Alegre vem tentando se renovar sem perder o apelo de uma tradição de manufatura de quase dois séculos.
"Só as famílias tradicionais europeias compravam, e o mercado estava encolhendo", diz Barra. "Mas as coisas mudaram e a marca se voltou para o desenvolvimento de peças mais contemporâneas."
Fundada em 1824, a Vista Alegre permaneceu nas mãos da família Pinto Basto durante todos esses anos, mas quase não sobreviveu à crise financeira global.
Foi resgatada de uma situação pré-falimentar em 2009 pelo grupo Visabeira, que desde então vem tentando equilibrar as finanças por meio da retomada da internacionalização.
A empresa chegou a ter uma loja em São Paulo, no início dos anos 2000, na rua Oscar Freire, mas encerrou a operação em 2006 devido à crise da empresa, que levou ao fechamento de fábricas e à demissão de mais de 1.500 trabalhadores.
A empresa ainda não conseguiu sair do vermelho (perdeu € 3,4 milhões em 2012) e segue encolhendo em Portugal. O alívio no balanço vem das operações internacionais. Enquanto o faturamento total cresceu 0,6%, para € 54,2 milhões, a receita internacional cresceu 7,4%, alcançando 61% do total.
O Brasil corresponde a 4,5% das vendas, que cresceram 26% no ano passado.
Com lojas próprias e o apelo de artistas e designers contemporâneos, Barra acredita que em cinco anos o Brasil pode se equiparar em importância com o mercado doméstico português, que movimentou € 21 milhões em 2012.
A estratégia envolve as outras marcas do grupo, como a Bordalo Pinheiro, de faiança artística. Em maio, a empresa inaugura no espaço Oi Futuro de Ipanema, no Rio, uma exposição com faianças assinadas por 20 artistas plásticos, entre eles, Tunga, Vik Muniz, Regina Silveira e Caetano de Almeida.
A exposição segue depois para São Paulo e Belo Horizonte. As peças terão edição limitada e serão vendidas em galerias e lojas de decoração. Há planos ainda de trazer para o país a marca mais popular do grupo, a Casa Alegre. A fabricante está em negociação com varejistas como Tok&Stok e Camicado.
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