Veja avaliações do setor produtivo sobre o aumento da Selic para 7,50% ao ano
Veja o que representantes de diversos setores da economia dizem sobre o aumento do juro básico de 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (17), para 7,50% ao ano.
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) teve seis votos a favor e do aumento e dois contrários, pela manutenção.
Banco Central sobe juro básico, a taxa Selic, para 7,50% ao ano
Com Selic em 7,50% ao ano, poupança paga mais que fundos de renda fixa
FIESP
Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp, classificou como "equivocada" a decisão. "Da mesma forma que ninguém quer o aumento da inflação, o Brasil não precisa de aumento de juros, mas de aumento de produção", disse.
No ano passado, destacou, o PIB (Produto Interno Bruto) teve crescimento de apenas 0,9%, com a Indústria caindo 2,5%. Os dados de 2013 não apontam retomada do crescimento - ao contrário, o indicador IBC-BR de fevereiro indicou queda de 0,5%.
Nesse ambiente de letargia econômica, afirmou a Fiesp, foi instalado um falso debate de juros versus inflação. "O Brasil não pode abrir mão do controle da inflação, mas devemos superar a política econômica do uso exclusivo da taxa de juros. A nova política econômica deve ousar no sentido de aumentar os investimentos públicos, controlar os gastos de custeio, criar um ambiente favorável ao investimento privado e, de forma corajosa, finalizar as reformas que promovam a desindexação da nossa economia", disse Skaf.
FIRJAN
A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) afirmou que, tendo em vista a deterioração do quadro inflacionário, o aumento da taxa básica de juros era previsível. Tal decisão, disse a entidade, poderia ter sido evitada caso tivesse sido adotada uma política fiscal que aliviasse a pressão sobre os preços.
Importante destacar, contudo, que a contribuição que pode ser dada pela política fiscal é necessária, mas não suficiente. A combinação de inflação persistentemente elevada e baixo crescimento do PIB também está relacionada aos chamados gargalos estruturais, que resultam em baixa produtividade e elevados custos de produção para as empresas brasileiras.
A Firjan defende duas frentes de atuação para a política econômica: aumento do superavit primário [economia feita pelo governo para pagar juros da dívida], pautado em redução dos gastos correntes do governo, e aprofundamento da agenda de competitividade, com foco na redução do chamado "custo Brasil".
ABIMAQ
A indústria de máquinas e equipamentos afirma que o impacto da nova taxa Selic trará mais efeitos mais psicológico do que concretos nas operações do setor.
Isso porque a tendência é que o aumento dos juros básicos da economia resulte em menos disposição de investidores em aplicar seus recursos na compra de equipamentos ou na expansão da produção.
De acordo com a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), duas taxas de juros têm relevância de fato estratégicas: a que incide sobre o capital de giro e aquela aplicada nos financiamentos para compra de máquinas, o chamado PSI (Programa de Sustentação do Investimento).
"A Selic não mexe com nenhuma dessas duas taxas. Para capital de giro, o custo para a indústria continua sendo o de agiota russo. No caso do PSI, temos uma situação extraordinária, que Deus assim preserve", brinca José Velloso, vice-presidente da Abimaq.
A Abimaq afirma que a taxa de juros cobrada nos financiamentos para capital de giro no Brasil oscila entre 30% e 40% ao ano. "A mudança de 0,25 ponto percentual na Selic não vai mudar essa situação", diz.
Para os financiamentos atrelados ao PSI, a situação é muito vantajosa. Os juros para os compradores de máquinas e equipamentos é de 3% ao ano. Até julho, a taxa vai subir para 3,5%, mas ainda assim baixa.
FECOMERCIO
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) informou que entende que a medida do órgão regulador serve para recuperar a confiança do mercado quanto à sua capacidade de controlar a alta nos preços, mas acredita que as autoridades econômicas poderiam ter cogitado outro caminho para lidar com a questão, como a retomada dos investimentos públicos, direcionamento de gastos e mudanças nas metas de inflação para números mais realistas.
"O BC é responsável por preservar a estabilidade da moeda brasileira e está apto a tomar as decisões que julga melhor. No entanto, o aumento neste momento pode ser um obstáculo para a retomada do ritmo de crescimento do país, pois os juros não exercem influência em itens que tem causado as pressões inflacionárias, como no caso dos alimentos e serviços", disse a entidade, em relatório.
ACSP
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) afirmou que, ao elevar a Selic para 7,5% ao ano, o Copom parece ter procurado sinalizar sua disposição de atuar para conter a alta da inflação, embora de forma gradual, considerando que a economia ainda não apresenta sinais de reativação, conforme mostraram os dados do IBGE relativos à produção industrial e as vendas do varejo em fevereiro.
O importante agora, disse a entidade, será conhecer a ata da reunião, que deverá dar sinalizações mais claras sobre o movimento futuro das taxas de juros. "De qualquer forma, parece indispensável que o governo procure utilizar a política fiscal como instrumento adicional para o controle da inflação, para evitar que o Banco Central seja obrigado a apertar a política monetária", diz Rogério Amato, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
CNDL
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) afirmaram que, apesar de o aumento na taxa básica de juros ter sido pequeno, a decisão tomada nesta quarta-feira pelo Banco Central poderia ter sido postergada para o próximo mês, caso o governo adotasse medidas de austeridade para reduzir os gastos públicos.
Na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o governo brasileiro deveria fazer um sacrifício político e enxugar as despesas públicas para controlar a inflação. "Aumentar os juros é um remédio que deve ser usado somente em último caso, porque tem efeitos colaterais amargos: reduz o consumo, diminui os investimentos e piora a situação das famílias endividadas. É um sinal de que o governo não quer fazer seu dever de casa", disse.
ATACADISTAS
A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores afirmou que o segmento, que trabalha com bens de consumo básico das famílias, tem tradicionalmente se mantido contra as elevadas taxas de juros. "Queremos crer que a decisão do Banco Central de aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual seja uma medida pontual. Esperamos também que futuros aumentos sejam considerados com a devida prudência e parcimônia."
Juros elevados também começam a ameaçar a manutenção dos níveis de emprego, que é parte importante do cenário que tem ajudado o país a manter algum crescimento, pela via do consumo, ressaltou a associação.
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