Pequenas editoras se fortalecem com menor custo de livros virtuais
Com o crescimento do mercado de e-books, os custos reduzidos de operação de uma editora virtual, que não tem gastos com impressão e logística, devem fortalecer as pequenas empresas do setor.
O assunto chama a atenção da Câmara Brasileira do Livro, tradicional entidade do setor. O livro digital será protagonista do seu próximo congresso, em junho.
Críticos dizem que falta critério na publicação de e-books
O debate surge porque o e-book está, talvez tardiamente, despertando no Brasil. O país tem, hoje, 11 mil títulos digitais. Reino Unido e EUA já passaram de 1 milhão. No mercado norte-americano, os digitais já representam 22% dos gastos com livros.
No exterior, pequenas empresas se especializaram em oferecer a autores em busca de fama a distribuição dos seus livros para aparelhos como o Kindle e o iPad.
Elas viraram sensação depois que uma delas, a obscura Writer's Coffee Shop, distribuiu às lojas virtuais dos e-books "Cinquenta Tons de Cinza", romance erótico sobre sadomasoquismo escrito pela produtora inglesa de TV Erika Leonard James.
O boca a boca --ou, no caso, o "teclado a teclado"-- fez o serviço --e o livro, que saiu diretamente em formato virtual-- virar uma sensação.
Só quando o barulho já era grande uma editora tradicional entrou no jogo.
No Vale do Silício, outras pequenas empresas já conseguiram dinheiro de investidores para se especializar em oferecer o serviço de distribuição virtual a autores que não conseguem --ou não querem-- publicar por uma editora tradicional.
Essas empresas também ajudam o autor a conseguir um número ISBN, que é o cadastro no sistema de registro internacional de livros. O autor, que negocia com a editora virtual qual fatia das vendas ficará para ela, pode até escolher o preço do seu livro.
Desnecessário dizer que a grande maioria dos livros fica muito longe de virar um "Cinquenta Tons de Cinza". Mas os dados da Amazon, maior vendedora de livros virtuais nos EUA e no Reino Unido, mostram que o título não é o único caso de livro autopublicado --ou seja, sem uma editora tradicional, mas utilizando os serviços de uma distribuidora virtual-- que faz sucesso.
Em 2012, 15 dos 100 livros mais vendidos pelo site foram publicados assim. A Amazon e a Apple têm se esforçado para fazer os autores irem diretamente a eles, cortando os intermediários e, assim, os preços. Jornais como "New York Times", que tradicionalmente não resenhavam livros "independentes", mudaram a sua política.
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
Pequenas editoras investem na distribuição de suas publicações por meio dos leitores digitais |
BRASIL
No Brasil, já há pequenas editoras oferecendo o serviço de edição digital. Duas delas são a Digital Books Editora e a KBR Editora.
Elas cobram para dar ao livro um ISBN, uma capa e uma comercialização na Amazon, na Livraria Cultura virtual e na Saraiva.com.br, entre outras lojas --no caso da Digital Books, R$ 245; na KBR, o preço varia conforme o título.
Entre os livros já publicados, Noga Sklar, editora da KBR, cita, por exemplo, "O Rabino e o Psicanalista", coletânea de contos de temática judaica de Rosane Chonchol, que já vendeu cerca de 2.000 cópias na Amazon. "Para o mercado brasileiro, é muito expressivo", diz Sklar.
Para quem quiser vender o livro apenas na Amazon, é possível ainda utilizar o serviço de edição próprio dela, o Kindle Direct Publishing. Não há revisão nem nenhum tipo de apoio técnico, e o livro também não recebe ISBN.
Não é possível saber se surgirá em algum momento um e-book best-seller brasileiro como "Cinquenta Tons de Cinza" longe das grandes editoras. Mas vale lembrar que, no mercado de entretenimento nacional, músicos e comediantes descobriram que não é impossível fazer sucesso sem grandes gravadoras ou produtoras.
No Brasil, um exemplo recente é o canal independente de humor "Porta dos Fundos", cujos vídeos costumam ter mais de 2 milhões de espectadores da internet.
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