Gigante global de ensino terá cerca de 14% do mercado brasileiro
Em uma operação bilionária, o maior grupo de educação do mundo, o brasileiro Kroton, distanciou-se na liderança ao fundir-se com a Anhanguera. As companhias farão uma troca de ações, avaliada em R$ 5 bilhões.
Segundo o censo de educação de 2011, a participação de mercado aproximada das duas empresas é de 14% --1 milhão de alunos em escolas de ensino básico e superior.
As marcas do grupo (como Unopar, Anhanguera, Pitágoras e Unic) serão mantidas.
Análise: Consolidação do mercado de educação tem queimado etapas
A nova gigante chega ao valor de mercado de cerca de US$ 5,8 bilhões (R$ 13 bilhões) --duas vezes o tamanho da vice do setor, a chinesa New Oriental (US$ 2,9 bilhões).
A operação foi bem recebida pelo mercado de capitais: as ações das duas empresas se valorizaram ontem. As da Kroton fecharam em alta de 8,38%, e as da Anhanguera, com valorização de 7,76%.
As companhias irão submeter a operação ao Cade em dez dias. O conselho de defesa econômica informou, no entanto, que só será considerado após o julgamento de quatro casos pendentes (3 da Anhanguera e 1 da Kroton).
Existe a possibilidade de o colegiado analisar todas os casos em conjunto.
Há, no entanto, pouca sobreposição nas operações de Kroton e Anhanguera, diz Rodrigo Galindo, principal executivo da Kroton e futuro presidente-executivo da companhia resultante da fusão.
Apenas 4 cidades, das 80 em que atuam, mantêm unidades dos dois grupos. No ensino à distância, há sobreposição de 10%, diz Galindo.
Editoria de arte/Folhapress | ||
CLASSES C E D
Além do tamanho, Kroton e Anhanguera possuem trajetórias semelhantes. Apoiadas por grupos financeiros, lideraram uma expansão agressiva nos últimos anos, buscando alunos, principalmente, das classes C e D.
Com a fusão, o objetivo é ampliar essa estratégia. De acordo com Ricardo Scavazza, presidente da Anhanguera, o governo será um grande impulsionador, por meio do Fies, de financiamento estudantil. Os grupos têm 120 mil alunos no programa.
"Queremos apoiar o governo no objetivo de levar a penetração do ensino superior no Brasil de 14,6% para 33% da população até 2020", afirma Galindo.
Segundo o executivo, não há planos de novas aquisições nem de expansão internacional nos próximos anos. "Após aprovação do Cade, vamos nos dedicar à integração e ao crescimento orgânico."
Colaborou RENATA AGOSTINI, de Brasília
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