Veja como os dados de emprego podem afetar seus investimentos
Os dados sobre emprego divulgados mensalmente pelo IBGE podem influenciar as decisões do Banco Central sobre o rumo da taxa básica de juros nacional, a Selic, o que interfere nas aplicações dos investidores, destacam especialistas do mercado financeiro ouvidos pela Folha.
A pesquisa mensal de emprego, divulgada nesta quinta-feira (25), revelou que a taxa de desemprego ficou em 5,7% em março --a menor para o mês desde o início da série histórica, em 2002. O levantamento abrange as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Desemprego tem a menor taxa para março em 12 anos, diz IBGE
Principalmente o cenário de inflação em alta tem preocupado a autoridade monetária brasileira, que, na tentativa de conter o aumento de preços, subiu a taxa Selic na semana passada, de 7,25% ao ano --o menor patamar histórico-- para 7,5% ao ano.
"Se, ao longo do ano, os dados de emprego mostrarem tendência pior que a esperada, isso pode influenciar o BC a reduzir o ritmo de alta da Selic ou até mesmo interromper os aumentos, já que a taxa maior eleva o custo das empresas e desaquece a atividade econômica", diz Larissa Gattiby, economista da Souza Barros Corretora.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a tendência é que os dados percam força em relação aos últimos anos, mas continuem positivos.
"Em 2013, devemos ter o crescimento do consumo das famílias em ritmo menor e, como a base da população economicamente ativa também cresce, a tendência é que tenhamos o fim da tendência de queda da taxa de desemprego."
O economista projeta taxa de desemprego em 6,1% ao final deste ano, aumento em relação aos 5,5% vistos em 2012. Já Larissa, da Souza Barros, projeta taxa de desemprego em 5,3% em 2013.
"Atualmente, não há nenhum número que possa me sinalizar que a atividade brasileira esteja muito bem", afirma Perfeito a sua análise, fazendo um adendo: "estamos passando por um momento de acomodação de oferta e demanda na economia brasileira, por isso, não vejo como ruim o provável fim da queda da taxa de desemprego, mas, sim, como natural."
BOLSA E CÂMBIO
Na renda variável, especialistas afirmam que a influência dos dados de emprego sobre o patamar da Selic não deve ser o único fator a se considerar antes de aplicar nesse mercado.
"Existem diversos fatores que influenciam a Bolsa, tanto internos quanto externos. Ultimamente as questões internas têm pressionado mais o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa", diz o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora.
Galdi avalia que a inflação em alta, que estimula a adoção do aperto monetário pelo BC, acaba prejudicando a atividade brasileira. "O desempenho da Bolsa reflete o das empresas que nela estão listadas. Se essas companhias desempenham mal, o nosso mercado de ações acaba refletindo esse cenário."
Não à toa o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, acumula queda em torno de 10% em 2013, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, os índices de ações têm valorização de mais de 8% este ano.
"Mas não há motivo para pânico, pois ainda existem boas oportunidades na Bolsa doméstica. Basta o investidor analisar com cuidado a empresa que quer investir e tantar levantar informações sobre seus resultados e perspectivas para o futuro. A própria corretora ou banco pode ajudá-lo nisso", completa Galdi.
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No mercado de câmbio, a alta do juro básico nacional normalmente torna a economia brasileira mais atraente aos investidores estrangeiros, que escolhem países onde os juros são maiores, já que são elas que remuneram suas aplicações.
A maior entrada de dólares no país, aumentando a oferta da moeda no mercado, pressiona a cotação para baixo.
"Mas isso não parece estar acontecendo dessa vez, na minha opinião, pela forte interferência do governo na economia", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
"Parte dos recursos externos que deveriam vir para o Brasil está correndo para países como o México, que fez a lição de casa e sua economia está crescendo."
Aumento no juro básico, corte de impostos e intervenções no câmbio, são alguns dos fatores que, segundo Galhardo, têm assustado os investidores.
"O problema não está na medida em si, mas, sim, no ritmo em que eles estão sendo tomadas. O governo tem atuado constantemente em diversos segmentos da economia, o que deixa o mercado com a sensação de que há um certo descontrole", completou.
RENDA FIXA
Na renda fixa, especialistas apontam que é preciso pesquisar para aproveitar o cenário de alta da Selic.
Se a escolha for por títulos do governo, considerados de baixo risco, a recomendação de especialistas ouvidos pela Folha é trocar papéis prefixados por pós-fixados.
Os títulos prefixados, como as LTNs (Letras do Tesouro Nacional), têm uma rentabilidade predeterminada. Ou seja, quem aplica já sabe quanto receberá no vencimento do contrato.
Nos pós-fixados, como as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional da Série B), a remuneração não é definida de antemão.
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As NTN-Bs são papéis remunerados pelo IPCA (índice oficial de inflação) mais uma taxa, chamada de cupom de juros. E, quando os juros sobem, o preço de revenda dos títulos cai, o que diminui a rentabilidade tanto dos papéis quanto dos fundos que aplicam neles.
O rendimento negativo costuma assustar os investidores mais conservadores da renda fixa, que têm dificuldade de entender por que uma aplicação com taxa de juros positiva pode levar a perdas como essa.
Isso acontece porque, apesar de as taxas prefixadas serem positivas, os títulos já emitidos sofrem um "desconto" em seu valor, para se adaptarem à nova realidade de juros. Ou seja, quando os juros sobem, o valor do título cai e vice-versa.
Se isso não acontecesse, não haveria estímulo para um investidor comprar um papel já emitido com juros menores do que compraria com os novos juros.
No Tesouro Direto, sente esse impacto quem resgatar a aplicação antecipadamente ou consultar o saldo, que é marcado segundo o valor do dia do extrato. Quem deixar até o vencimento recebe aquilo que foi combinado.
"Há, porém, uma percepção de que o ciclo de aumento na Selic será menor do que o necessário para conter a inflação. Dessa forma, as NTN-Bs ainda podem recuperar o fôlego até o fim do ano", diz Marianna Costa, economista da UBS Corretora.
Para Luiz Monteiro, especialista em renda fixa da gestora Queluz, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) também são uma boa opção de títulos pós-fixados.
O rendimento é atrelado a indicadores econômicos, como a própria Selic. Portanto, se o índice sobe ou cai, os papéis seguem essa variação na remuneração ao investidor.
"O tamanho do ciclo de aperto monetário não importa nesse caso, mas, sim, o fato de que se iniciou um período de juro básico maior."
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