Setor industrial se mobiliza contra nova regra fiscal
As associações industriais do país prometem ingressar em massa na Justiça, a partir da próxima segunda-feira, para derrubar a norma que põe fim à guerra dos portos.
Pelo menos quatro entidades informaram que vão pedir liminares para que os seus associados não revelem informações comerciais sigilosas, como o custo com importações nas notas fiscais. Outras duas já conseguiram.
A norma do Confaz (conselho que reúne os 27 secretários estaduais de fazenda) regulamentou a Resolução 13 do Senado.
A resolução põe fim à guerra dos portos --situação que cria desvantagem ao produto nacional em relação aos fabricados com o uso de itens importados sob tributação especial concedida por Estados.
Além de reclamar da quebra do sigilo comercial, algumas indústrias afirmam ser inexequível o cumprimento da norma.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress | ||
"Na indústria de máquinas e equipamentos, não há como cumprir essa exigência. Teríamos de ter um exército de pessoas e não teríamos como atender", disse José Velloso, vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
A Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) e a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) foram as primeiras a obter liminares desobrigando-as do cumprimento da norma.
A liminar obtida pela Fiesc protege 45 mil indústrias catarinenses. No caso da Abihpec, 350 empresas estão resguardadas de punições.
O Ciesp (Centro das Indústria do Estado de São Paulo) teve o pedido de liminar negado pela Justiça do Estado. A entidade promete recorrer.
O Confaz, único que pode simplificar a norma, deve se reunir, em Brasília, na quarta-feira (8). As associações não devem esperar.
"Estamos orientando as empresas e os sindicatos a ingressar na Justiça. A Abit deve fazer o mesmo, em Brasília, na próxima segunda ou terça-feira", disse Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções.
O diretor da área jurídica da Abimaq, Hiroyuki Sato, informou que vai esperar até segunda-feira para ingressar com ações em nove Estados, onde estão os 1.500 associados da Abimaq.
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul também fará o mesmo. Segundo Thomaz Nunnenkamp, coordenado do Conselho de Assuntos Tributários da Fiergs, o prazo-limite é segunda-feira.
"No fundo, as ações só vão ajudar os Estados que se beneficiam com a guerra dos portos", afirmou.
Na semana que vem, deputados e senadores voltam a discutir a reforma do ICMS para todos os demais produtos, não apenas importados. O intuito é neutralizar incentivos concedidos pelos Estados ilegalmente, no âmbito da guerra fiscal.
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