Varejo tem 1ª queda no trimestre desde 2008
A disparada do preço dos alimentos inibiu o seu consumo e freou o desempenho do varejo no primeiro trimestre.
As vendas do setor caíram 0,2% de janeiro a março na comparação com os últimos três meses do ano passado. Foi o primeiro recuo nesse tipo de comparação desde o quarto trimestre de 2008, de acordo com o IBGE.
O resultado ocorre com a perda de força das vendas de supermercados, hipermercados e outras lojas de produtos alimentícios e bebidas, que tiveram duas retrações consecutivas -em fevereiro e março na comparação com os meses anteriores.
O comércio geral também teve duas quedas seguidas na comparação mensal livre de influências sazonais.
"Os hipermercados e os supermercados pesaram no resultado do varejo. As quedas ocorrem em um cenário de inflação alta", diz Aleciana Gusmão, técnica do IBGE.
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O preço dos alimentos nos domicílios subiu 15% nos 12 meses encerrados em março.
"O menor aumento do salário mínimo e o crescimento mais lento da população ocupada também contribuem para uma moderação das vendas nos supermercados", afirma Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.
A maior queda do segmento veio em março ante fevereiro (2,1%), a mais intensa desde fevereiro de 2008.
TECNOLOGIA
Outro setor que pesou no resultado negativo do varejo de fevereiro para março foi o de eletrônicos, equipamentos de informática e comunicação (retração de 5,2%).
"Para trocar [de celular ou computador], o consumidor já tem que pensar duas vezes. O orçamento está mais comprometido com a alimentação", afirmou Reinaldo Pereira, gerente do IBGE.
Do outro lado, o setor de tecidos, vestuário e calçados mostrou a maior alta mensal em março, de 3,9%. "As liquidações devido à troca da estação podem ter contribuído", diz Bicalho. As vendas de veículos também subiram: 1,9% de fevereiro para março.
PERSPECTIVAS
Apesar do desempenho negativo recente, o comércio ainda acumula ganhos nos 12 meses encerrados em março: as vendas subiram 6,8%.
Na comparação do primeiro trimestre com o mesmo período de 2012, a alta foi de 3,5% -a menor, porém, desde o quarto trimestre de 2003.
A consultoria LCA estima que o setor irá crescer 5,5% no ano -antes da divulgação de ontem, previa 6%. Em 2012, o crescimento foi de 8,4%.
O Itaú também está revisando o número. "A tendência é crescer, mas em ritmo mais moderado", diz Bicalho.
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