Investimentos brasileiros frustraram as expectativas, diz executivo português
O presidente do banco de investimentos Espírito Santo, o português José Maria Ricciardi, indicou ontem que os investimentos brasileiros em Portugal frustraram as expectativas, apesar das privatizações e da redução do preço dos ativos (consequência da crise econômica).
Depois de ofensivas recentes, como a compra pela Camargo Corrêa da cimenteira Cimpor e da instalação de uma unidade da Embraer em Évora, segundo Ricciardi, "não tem havido grandes investimentos brasileiros em Portugal".
A perda de ímpeto pode ser resultado do fracasso das brasileiras na privatização de estatais portuguesas. Eletrobrás, CCR e Engevix concorreram e não levaram.
Segundo Ricciardi, existe a expectativa de que brasileiras tentem novamente concorrer na privatização dos correios, do braço de seguros da Caixa Geral de Depósitos e da TAP (que terá nova tentativa de venda, após a oferta frustrada de Germán Efromovich, dono da Avianca). Mas evitou apontar concorrentes de peso.
O executivo reafirmou que há oportunidades de investimentos brasileiros no setor imobiliário, turístico, em logística e em telecomunicações, além de projetos agroindustriais. Mas reconhece que, com a crise em Portugal, houve "hesitação" de investidores estrangeiros em aplicar no país.
"Tem que se fazer aqui uma maior dinamização do interesse do investimento brasileiro em Portugal", afirmou.
Para atrair capital externo, o governo português anunciou ontem uma forte redução de impostos para novos investimentos de empresas no país. Espera-se, com isso, recuperar a atividade econômica, deprimida após dois anos de severo ajuste fiscal.
"Sem colocar a economia a crescer não conseguiremos sair da crise", disse ele.
Na mão oposta, também há muito que fazer. Segundo Ricciardi, as empresas portuguesas aproveitam pouco o mercado brasileiro e deveriam se esforçar para tentar ampliar sua atuação no país.
O aumento da exportação é um dos caminhos de saída de Portugal da crise econômica, contribuindo para a geração de reservas para o pagamento das dívidas do país.
Uma das sugestões levantadas pelo executivo é que o governo português passe a atuar de maneira mais ativa para destravar o comércio entre Mercosul e União Europeia.
"Tem que haver um esforço e sensibilização das empresas portuguesas na exportação para o Brasil", disse ele. "Há protecionismo no Brasil, mas também os produtos brasileiros enfrentam o protecionismo na União Europeia".
Segundo Ricciardi, Portugal exporta apenas US$ 700 milhões por ano para o Brasil, o que equivale a 0,4% das importações brasileiras.
BANCO QUER CRESCER NO BRASIL
O Brasil representa hoje um terço das operações do Espírito Santo no mundo. Embora no país ele seja um banco de investimentos, mais focado em fusões e aquisições, em Portugal o Espírito Santo é um dos maiores em operações de varejo.
A estratégia de crescimento no Brasil, diz Ricciardi, passa ao largo do varejo. Segundo o executivo, o banco pretende intensificar operações de fusões de aquisições de empresas estrangeiras que queiram atuar no Brasil.
Neste momento, exemplificou ele, o banco estrutura uma possível compra de uma empresa de consumo e distribuição brasileira por uma indiana. E disse pode fazer o mesmo para empresas mexicanas, mais interessadas em diversificar os investimentos além dos EUA.
Ricciardi criticou grandes bancos de investimento que, em momentos de crise deixam o país.
"Conforme o Brasil vai andando melhor ou pior, eles entram, depois saem. Não é nossa maneira de estar", disse o banqueiro. "O Brasil é investimento incontornável para o banco".
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