Empresários se declaram cautelosos com crescimento da economia
A decepção com os resultados da economia brasileira mantém a maior parte dos empresários desanimados.
Dois terços de 26 companhias ouvidas pela Folha em diversos setores -têxtil, químico, serviços, celulose, farmacêutico, calçados, alimentos, máquinas, shoppings e eletrodomésticos- mostraram pessimismo ou cautela em relação à recuperação.
Confiança é considerada fundamental para a retomada da economia
Consumo não será mais o carro-chefe do crescimento, diz presidente do Banco Central
O fraco ritmo da atividade e a inflação em alta são citados como preocupações.
"Vemos um crescimento moderado neste ano, o que é preocupante", diz Gislaine Rossetti, diretora de relações institucionais da Basf.
Embora a empresa esteja investindo em uma unidade de produção, Gislaine afirma que o otimismo com o futuro "ainda não se concretizou nas gôndolas".
A Basf não é a única que iniciou investimentos em tempos de maior otimismo e teve a confiança abalada.
A Alpargatas registrou expansão da receita no primeiro trimestre e está investindo em uma nova fábrica. Mas Márcio Utsch, presidente da empresa, ressalta que a decisão foi tomada em 2010.
"Atualmente, não vejo nenhuma animação nos nossos clientes, pelo contrário."
Afetada pelo pessimismo da indústria, para quem distribui produtos como tintas e vernizes, a Carbono Química está com o plano de investimentos congelado.
"O mercado industrial está muito parado", diz Rodrigo João Gabriel, diretor de desenvolvimento da Carbono.
O desânimo entre clientes é percebido até pelos empresários mais otimistas.
A farmacêutica Teuto não suspendeu investimentos, mas sente que a confiança dos distribuidores diminuiu.
"Há um sentimento de que o mercado não está tão pujante quanto antes", diz Marcelo Henriques Leite, presidente da empresa.
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress | ||
INFLAÇÃO
Além da atividade mais fraca, a alta nos preços de insumos e mão de obra tem pressionado os custos e ameaçado as metas de retorno.
"A inflação alta é fatal para investimentos de longo prazo como os nossos", diz Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP (sindicato da construção civil).
A calçadista Kissol, de Franca (SP), conta que tem dificuldade de competir por trabalhadores cujos salários subiram muito. A empresa suspendeu investimentos.
A Arcor, do setor de alimentos, foi surpreendida pela desaceleração da economia e pela alta de insumos.
"Estamos encarando uma economia que cresce menos com pressão de custos enorme", diz Oswaldo Nardinelli, diretor-geral da Arcor.
Segundo ele, a empresa tem investido em publicidade e inovação para tentar atingir a meta de retorno.
Medidas de intervenção na economia incomodam Paulo Eduardo Rocha Brant, presidente da Cenibra Celulose. "O ativismo do governo gera intranquilidade."
A visão é compartilhada por Livaldo Aguiar dos Santos, presidente da Romi (do setor de máquinas). Segundo ele, mudanças constantes de regras trazem maior cautela dos clientes ao investir.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 25/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,07% | 124.646 | (17h36) |
Dolar Com. | +0,29% | R$ 5,1640 | (17h00) |
Euro | +0,48% | R$ 5,541 | (17h31) |